Num conto de natal fala-se geralmente de amor, fraternidade, entreajuda...
Natal, uma palavra tão oca e ao mesmo tempo tão cheia. Por si, não diz absolutamente nada, é a comemoração de algo que, “acreditamos”, aconteceu há 2000 anos, tão distante de nós quanto é possível estar.
Contudo, pode ser carregada de inúmeros significados. É tempo de perdão e mudança, como no conto de Natal de Dickens. É tempo de amor e fraternidade. É essencialmente tempo de alegria e festa, profana quase exclusivamente.
Natal é comércio para muitos. O Pai Natal, o velho São Nicolau, ou o menino Jesus são os melhores amigos da generalidade das lojas. O comércio fica aberto quase ininterruptamente no mês que antecede o dia 24, de modo a que todos possamos fazer as nossas compras, comprar as nossas prendas.
Mas o Natal é a altura em que nos podemos sentir verdadeiramente sós.
A solidão pesa mais quando é confrontada com os risos alegres de um bando de crianças em redor de uma mesa festiva. A solidão é muito maior quando do outro lado da mesa encontramos, em vez de um par de olhos, uma cadeira vazia e fria. A festa torna-se altura de depressão, altura de reflexão e de projectos de mudança. Contabiliza-se uma vida. Analisam-se opções. Por vezes, o que noutras alturas nos parece a escolha de vida ideal, nesta época apresenta-se como um desperdício.
Em vez de fama, dinheiro e poder, nesta época achamos que deveríamos ter apostado unicamente no amor e na felicidade. Devíamos ter apostado muito mais nos outros do que em nos próprios.
Infelizmente, a maior parte das boas intenções e votos de mudança, não sobrevivem ao fim da quadra natalícia.
Natal de 1990
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