sexta-feira, outubro 31, 2003

Mar II

O mar hoje está com uma ondulação fabulosa.
As rajadas de vento desenham a superfície da água.
O molhe de protecção constantemente envolvido em nuvens de espuma branca.
Gotículas de água levadas pelo vento, criam uma neblina ténue.
As gaivotas esvoaçam, pontuando o céu.
Os barcos apressam-se para atingirem a protecção do porto.
Um cargueiro, cheio de contentores, parece ter dificuldade em manter-se à tona, em manter-se direito, vertical.
A luz da manhã, envergonhada, coloca um filtro prateado na paisagem.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Mar

Existe, para mim, um encanto enorme em ficar dentro do carro, junto ao mar num dia de mau tempo. Sentir o carro fustigado pela chuva e pelo vento. O som ritmado da chuva que vai variando a intensidade e o ângulo, o vento que embala a viatura. Ir perdendo a visibilidade, à medida que os vidros do carro ficam embaciados, confundir o cinza azulado do mar com a névoa do céu, perder completamente as referências exteriores. Não saber onde estou, ficando apenas o ruído que me envolve.

5 Estrelas (ou muitas mais)

“Numa estação de rádio canadiana, dão um prémio de 1000 a 5000 dólares à pessoa que contar um facto verdadeiro e que tenha ocasionado um verdadeiro embaraço, daqueles que nos fazem apetecer enfiar-nos pelo "chão abaixo". Esta história recebeu o prémio máximo ou seja, 5.000 dólares.

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Tinha consulta no ginecologista marcada para essa semana mas tinham ficado de me avisar o dia e a hora.
De manhã cedo, recebo um telefonema da empregada do consultório informando que a minha consulta tinha passado para esse mesmo dia de manhã às 09h30.
Tinha acabado de tratar dos pequenos almoços do meu marido e crianças e ia no momento começar a despachar-me, eram precisamente 08h45 - fiquei em pânico, não tinha um minuto a perder.
Tenho a certeza que sou igual a todas as mulheres e que temos todas muito cuidado e uma particular atenção com a nossa higiene pessoal, principalmente quando vamos ao ginecologista mas, desta vez, eu nem sequer tinha tempo de tomar um duche.
Subi as escadas a correr, tirei o pijama, agarrei um toalhete lavado e dobrado que estava em cima da borda da banheira, desdobrei-o e molhei-o passando-o depois, com todo o cuidado, pelas " partes íntimas" para ter a certeza que ficavam o mais fresco e lavado possível.
Joguei o toalhete no saco da roupa suja, vesti-me e "voei" para o consultório.
Estava na sala de espera havia uns escassos minutos quando me chamaram para fazer o exame. Como já sei o procedimento, deitei-me sem ajuda na marquesa e tentei, como sempre faço, imaginar-me muito longe dali, num lugar assim como nas Caraíbas, ou em qualquer outro lugar lindo e pelo menos a 10.000 kms daquela marquesa.
Fiquei muito surpreendida quando o meu médico me disse:
"Oh lá lá, Hoje de manhã fez um esforço suplementar mas ficou toda bonita!”
Não percebi muito bem o cumprimento, mas não respondi. Fui para casa nas calmas e o resto do dia desenrolou-se normalmente, limpei a casa, cozinhei, tive tempo de ler uma revista, etc.
Depois da escola, já acabados os seus deveres, a minha filha, de 6 anos, estava preparada para ir brincar quando gritou da casa de banho:
"Mamã! Onde é que está o meu toalhete?
Gritei de volta que tirasse um toalhete do armário.
Quando me respondeu, juro que o que me passou pela cabeça, foi desaparecer da face da terra, o comentário do médico, martelava na minha cabeça sem descanso a minha filhinha disse-me só isto:
"Não mamã, eu não quero um toalhete do armário, tenho falta é daquele que estava dobrado na borda da banheira, foi nesse que eu deixei todos os meu brilhantes e as estrelinhas prateadas e douradas!”

Dedicatória

“A minha mãe. Inevitavelmente. Mas sobretudo agora, forçado como sou a apenas lhe escutar os olhos.”
Júlio Machado Vaz – Olhos nos olhos, historias de sexo e vida

Penso que quando os olhos conseguem comunicar, é possível ainda contornar a solidão que o declínio do corpo impõe à alma. Quando os olhos se emudecem, quando perdem o brilho e a vivacidade, quando neles deixamos de escutar os ecos das nossas palavras, então a alma ficará definitivamente prisioneira, amordaçada.
Falar, tantas vezes usado displicentemente ao longo da vida, nessa altura seria um dom precioso.

O sexo e a morte

Encontrei, na net, um texto com uma comparação entre o sexo e a morte. Achei algumas das frases curiosas. Deixo aqui um extracto. (podem ver o texto completo aqui>)


“Esta é uma crónica sobre a morte, e como ela se parece com o sexo; ou uma crónica sobre o sexo, e como ele se parece com a morte. Você escolhe. (…)
Qualquer pessoa que faça sexo com o mínimo de competência perde a consciência de si mesma durante o acto. (…)E esse apagamento da consciência é justamente o que faz o sexo ser chamado de a pequena morte pela tradição oriental.
Outra coisa que aproxima o sexo da morte é que ambos são um encontro. No sexo, encontro do ser com o seu amor. Na morte, encontro do ser com o seu criador. (…)
Mas o sexo se parece mesmo com a morte é na maneira como é tratado: privadamente em segredo, publicamente com estardalhaço. (…)
A morte é foda sim, em qualquer sentido, em todas as posições do Kama Sutra. Nós é que somos virgens e não temos uma ideia muito clara do que estamos perdendo.”
Eduardo Loureiro Jr.

terça-feira, outubro 28, 2003

Escrita

"Escrever é fácil.
Você começa com uma maiúscula
e termina com um ponto final.
No meio, coloca idéias".

(Pablo Neruda)

segunda-feira, outubro 27, 2003

Mudança de hora

Não existe nada como a mudança de hora para me convencer definitivamente que o Inverno está à porta.

domingo, outubro 26, 2003

A Casa

eu conhecia a distância entre as paredes. caminhei muitas
vezes pelo corredor. a sala: o sofá grande, a janela fechada
para a rua, o quadro bonito e antigo: a sala: estas palavras e
este verso podiam ser o corredor se as palavras fossem
a tinta nas paredes: a cozinha: a mãe a contar-me
histórias, a mesa, a água que lavava os talheres, o lume do
fogão. a cozinha era onde estávamos felizes.
quero que a casa fique desenhada:

quarto, escada , despensa, sala,

casa de banho, corredor corredor,

cozinha cozinha, escritório.

depois, subia as escadas:

despensa, quarto, quarto,

despensa, corredor, casa de banho,

despensa, escadas, quarto.

depois, descia as escadas.

eu, na cozinha, chamava a minha mãe. a minha voz: mãe.
a minha mãe respondia-me: estou aqui. e estava num dos
quartos de cima. eu subia as escadas para a encontrar.
de manhã, eu acordava e descia as escadas.

sem que eu soubesse, os anos passavam na casa. sem que eu
soubesse, a minha mãe e o meu pai envelheciam. a casa era
toda de claridade e eu não sabia que iria envelhecer assim que
saísse de casa.

havia janelas e havia portas. eu subia para cima de cadeiras
para abrir as janelas. da janela do meu quarto, via o mundo.
sei hoje que poderia ter vivido sem mais mundo do que esse.

sei hoje que transformei o mundo todo nessa casa. chamo a minha
mãe. está num dos quartos de cima. está muito longe. chamo o meu
pai. está muito longe.


José Luís Peixoto
A Casa, a Escuridão
Lisboa, Temas e Debates, 2002

http://www.instituto-camoes.pt/cvc/poemasemana/36/dascasas4.html

Outsider

Sem dúvida que sou outsider nisto dos blogs. Sempre que me perco saltando de uns para outros apercebo-me que parece que toda a gente se conhece, senão pessoalmente, virtualmente. Referenciam-se mutuamente, trocam elogios. Estão quase todos “linkados” entre eles.
Claro que a forma como eu chego de uns a outros a através dos links, por isso é normal que sinta que são todos elos da mesma corrente.

quinta-feira, outubro 23, 2003

Pedagogia

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição,
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!

Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

Miguel Torga

Sonhos II

"Nunca desistas de um sonho.
Se não houver numa pastelaria vai a outra."

Sonhos I

"Quando seus sonhos se despedaçarem, varra os pedaços e guarde-os.
Pontinhas de esperança podem ser encontradas nas ruínas de sonhos estilhaçados."

quarta-feira, outubro 22, 2003

Eutanásia

O corpo sentado na cadeira de rodas olhava em frente sem se deixar perturbar por nada. Não reagia a um carinho, não reagia a um som. O rosto encovado, os ombros finos, os dedos nodosos permaneciam imóveis. A pele cada vez mais definia o contorno dos ossos. Um gemido ritmado era a única indicação de que ainda ali estava. Os médicos diziam que não está a sofrer, o gemido era um hábito, era um fio de energia que ainda se mantinha. Será bom que tenham razão, que não exista sofrimento, mas nem disso temos certeza, já que palavras há muito que foram esgotadas.
O corpo mantém-se teimoso a cumprir calendário. O espírito já desistiu, ou ficou irremediavelmente amordaçado, impedido de se expressar por um corpo que não obedece.

Depois de ver isto, já não se trata de pedir que me desliguem as máquinas se algum dia delas ficar dependente para viver.

Se chegar a este estado, vegetativo, de corpo que cumpre unicamente o que a fisiologia determina, se chegar a ser corpo sem alma, por favor dêem-me uma “overdose” de qualquer coisa!

De sexo seria bom, morria pelo menos de sorriso nos lábios.

domingo, outubro 19, 2003

Cães e Gatos ou a Guerra dos Sexos

“Será por essa razão que os homens preferem os cães e as mulheres preferem os gatos?
Será que os homens preferem lidar com alguém leal e dedicado que vai estar ao seu lado para o apoiar?
Será que as mulheres preferem alguém traiçoeiro e individualista?
Será esta a razão porque as mulheres gostam de viver amores impossíveis?
Será por esta razão que as mulheres gostam dos maus da fita?
E quem disse que ser chamado de gato é elogio?
Há quem goste e quem não goste.
E será que devo sentir que estão a duvidar da minha dedicação se me chamarem de "gato"?”


Este comentário foi colocado no meu primeiro texto sobre Cães e Gatos. Como o mail deixado não era um mail válido, aqui ficam mais umas reflexões.

Cães e Gatos, Homens e Mulheres, Arquitectos e Engenheiros … e mais alguns que se possam lembrar, protagonizam rivalidades nas histórias e anedotas que passam por aí e deixam imagem vincadas nas pessoas e nas mentalidades.

Em parte das vezes essa rivalidade, esse confronto é mais inventado que real. Tive uma gata e uma cadela que dormiam juntas e eram inseparáveis.

Não sei, como dizem no comentário, se as mulheres gostam mais de gatos e os homens de cães. Acho que nesta preferência o sexo do indivíduo será o factor menor.

E também acho que nisto do amor, de quem se gosta e de como se gosta, as diferenças de género tem tendência a ficarem bem mais esbatidas. O que era tradicionalmente uma forma masculina de estar numa relação é cada vez mais adoptada indiferentemente por ambos os sexos. E o mesmo se passa com o modo feminino.

Não serão só os homens a preferir “lidar com alguém leal e dedicado”, acho que qualquer pessoa preferirá isso a alguém “traiçoeiro e individualista”.

E também acho que ninguém busca conscientemente um “amor impossível”, pode buscar um desafio, pode nem buscar nada e simplesmente acontecer, deixar-se ir como um barco num rio e quando der por si já se encontrar em alto mar.

E o que é que caracteriza um amor impossível?
É aquele que não é correspondido? O que não pode ser concretizado? Ou simplesmente aquele que não se enquadra nos cânones da sociedade?

Guerra dos Sexos

"Ninguém jamais vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos".
(epígrafe do livro "A Vingança de Eva", de Henry Kissinger)

sábado, outubro 18, 2003

Cães e Gatos II

As generalizações são perigosas e injustas. Com razão me disseram “nem todos os gatos são assim”.
Existem gatos com os quais estabelecemos empatias que duram vidas inteiras, gatos que esperam ansiosos a nossa chegada a casa.
Existem cães que nos assustam e nos quais não conseguimos confiar.
Quando simplificamos algo estamos a reduzir âmbito, a tornar bidimensional algo que tem relevo, algo que tem nuances.

Eureka


Custou mas lá descobri. Acho eu.
Se conseguirem ver uma gaivota é porque ficou a funcionar.
Senão, lá terei de continuar a tentar.

quinta-feira, outubro 16, 2003

Cães e Gatos

Já se deram conta que quando chamamos alguém de gato tal funciona como um elogio, mas se o chamamos de cão é tomado como um insulto?
E no entanto …
O cão é leal e o gato traiçoeiro.
O cão é dedicado e o gato individualista.
O cão nos será fiel até à morte e o gato facilmente nos esquecerá.

terça-feira, outubro 14, 2003

Bucólica

A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
A espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;

De casas de moradia
Caiadas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;

De poeira;
De sombra duma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai a erguer uma videira
Como uma Mãe que faz a trança à filha.
MIGUEL TORGA

Tenho tido mais vontade de falar pelas palavras dos outros do que procurar a minha própria expressão.

Textos que me cativaram e que vão permanecendo na memória. Chega uma altura que eles têm tanto de mim como se fora eu a escreve-los tal é a empatia que se foi desenvolvendo.

A vida é feita de nadas, de pequenos nadas, coisas simples sem importância que nos deleitam. O vento morno de fim de verão que nos acaricia o corpo, o sentar à beira mar a ver as ondas e o brilho do sol que transforma em prata a espuma do mar. As gaivotas que se reúnem, para falarem do Verão que se foi, da praia que de novo conquistam e do tempo frio que não tarda aí.

Novas texturas que o areal ganha, marcas de muitas patas que o percorrem. A praia volta a ser de novo o seu feudo. No mar acompanham os barcos de pesca quando estes regressam da faina.

Adoro gaivotas, não sei explicar a razão.

domingo, outubro 12, 2003

Loucura

”O ímpeto de crescer e viver intensamente foi tão forte em mim que não consegui resistir a ele. Enfrentei meus sentimentos.
A vida não é racional; é louca e cheia de mágoa. Mas não quero viver comigo mesma. Quero paixão, prazer, barulho, bebedeira, e todo o mal.
Quero ouvir música rouca, ver rostos, roçar em corpos, beber um Benedictine ardente. Quero conhecer pessoas perversas, ser íntimas delas.
Quero morder a vida, e ser despedaçada por ela.
Eu estava esperando. Esta é a hora da expansão, do viver verdadeiro. Todo o resto foi uma preparação.
A verdade é que sou inconstante, com estímulos sensuais em muitas direcções.
Fiquei docemente adormecida por alguns séculos, e entrei em erupção sem avisar.”

Anais Nin

sexta-feira, outubro 10, 2003

VIDA...

Inglória é a vida, e inglório o conhecê-la.
Quantos, se pensam, não se reconhecem
Os que se conheceram!
A cada hora se muda não só a hora.
Mas o que se crê nela, e a vida passa.
Entre viver e ser.

Tudo que cessa é morte, e a morte é nossa.
Se é para nós que cessa.
Aquele arbusto.
Fenece e vai com ele.
Parte da minha vida.
Em tudo quanto olhei fiquei em parte.
Com tudo quanto vi, se passa, passo.
Nem distingue a memória.
Do que vi do que fui.


Se recordo quem fui, outrem me vejo.
E o passado é o presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo.
Porém somente em sonho.

E a saudade que me aflige a mente.
Não é de mim nem do passado visto.
Senão de quem habito.
Por trás dos olhos cegos.

Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada.
E quem sou e quem fui.
São sonhos diferentes.

Fernando Pessoa


terça-feira, outubro 07, 2003

Fui Clonado

Acordei e dei por mim clonado.

Pensava eu que era um ser único, irrepetível, e não é que me fazem um clone. Acho que me querem substituir. Mas eu não me deixo vencer sem dar luta. Só me rendo perante a evidência.

Seguiremos os dois juntos, vocês terão que descobrir as diferenças, qual passatempo de jornal.

The (not) only me - http://www.putadevida.blogspot.com/
O meu clone - http://putadevida.weblog.com.pt ou www.putadevida.weblog.com.pt.

segunda-feira, outubro 06, 2003

Comentários.

Hoje inaugurei a possibilidade de comentários no blog. Até agora não o tinha feito, não por recear as criticas, mas por ignorância e preguiça.
A ignorância de quem não sabe e a preguiça de quem pensa que aprender está fora do seu alcance e nem se esforça. Não sou habitualmente assim, mas em algumas coisas acabo acomodando-me, deixando para outros o perceber e depois explicarem-me.
E nem foi assim tão difícil, com instruções ao vivo e ao lado. E se me desse ao trabalho de ler as instruções, provavelmente também não seria nada fora do meu alcance.
Obrigada a quem me ajudou.
Depois dos comentários, aventurei-me no código html, aproveitei e alterei um pouco a imagem, ainda não está como quero, mas passo a passo me irei aproximando… ou talvez não, acho que irei alterando, sempre, para que sinta que até na imagem, um blog é algo dinâmico, nunca terminado.

domingo, outubro 05, 2003

Regressando de Hibernação.

A maior parte dos animais aproveita o Inverno para hibernar, esconde-se das agruras do tempo, e conforta-se com um longo sono.

Eu hibernei no verão. Deixei os meses passarem e o blog serenamente adormecido, com vida suspensa, à espera que o Outono chegasse, que o sol se escondesse e a chuva obrigasse a passar mais tempo entre quatro paredes.

E o tempo húmido não se fez esperar, as chuvas chegaram com força, e com elas as primeiras inundações. Se homem prevenido vale por dois, país desprevenido é um caos, e todos os anos se repete o mesmo, valetas com lixos acumulados, sarjetas entupidas e rios de água que não conseguem ser conduzidos pelas canalizações existentes e invadem tudo.

Somos um país de calamidades, cada vez mais me convenço disso, não porque mais sujeitos aos elementos da natureza mas porque nunca precavidos, sempre deixando para amanhã a prevenção que pode ser feita hoje. E quando as coisas acontecem, gostamos invariavelmente de culpar a PUTA DA VIDA.

Eu não tenho culpa, desde já o afirmo. É fácil culpar os outros, neste caso culpar-me a mim (PUTA DE VIDA). Em vez de me deitarem culpas, porque é que não fazem alguma coisa para que nas próximas chuvadas não volte a acontecer o mesmo.