Tinha um amigo que tinha vontades de deixar de fumar cíclicas.
Era uma pessoa bastante afirmativa, que se entregava por inteiro e com paixão a tudo o que se resolvia a fazer.
Mas era também uma pessoa algo volúvel...que saltava de interesse em interesse, de propósito em propósito, como abelha de flor em flor.
Um dia, numa dessas decisões imperativas de deixar de fumar, deitou dramaticamente os cigarros janela fora, espalhando-os pelo jardim da casa.
Foi encontrado nesse mesmo dia, pelas 3 da madrugada, de gatas no meio da relva e das flores, tentando encontrar os cigarros que lhe iriam acalmar o resto da noite.
Não sei o que foi feito dele, os nossos percursos seguiram direcções diferentes ainda antes da idade adulta.
Ás vezes tenho curiosidade em saber o que é que a vida fez de todos os idealismos que tínhamos, das tardes que passávamos juntos a ver como iríamos mudar o mundo. Das discussões metafísicas, das músicas dos Beatles e do Zeca Afonso cantadas em roda de amigos, das aulas de guitarra, do clube cultural, das animações nas escolas…
Foram tempos intensos, passaram entretanto 20 anos … uma vida para muitos.
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