domingo, dezembro 14, 2003

Intimidade II

Do comentário do Jotakapa:
"Interessante... assim a intimidade deixa-nos mais vulneráveis, daí a necessidade de saber escolher com quem podemos partilhar a intimidade.
Depois de partilhada a intimidade, as pessoas podem começar a exigir direitos sobre o que antes sonharam.
E quando passam a querer a intimidade mais vezes do que aquela que estamos dispostos a aceitar... corremos o risco de ficar vulneráveis, porque ficamos exposto.
Mas às vezes é bom estar vulnerável e existir alguém que cuide de nós sem exigir nada em troca.”



A intimidade, a verdadeira intimidade, deixa-nos sempre mais vulneráveis porque, para que ela exista, é necessário que a nossa couraça exterior se rompa, que se permita a proximidade, que se partilhem ideias e pontos de vista, enfim, é necessário que demos permissão a alguém para olhar para a nossa alma, para o nosso ser. E mais do que a intimidade física é importante a intimidade mental, a partilha, melhor ainda, a conjugação das duas, de corpo e alma , essa ligação que nos faz pensar que aquele é o nosso príncipe encantado.
E concordo que devemos ser selectivos quando nos decidimos desvendar assim, cativar e ser cativados, oferecer e receber.

Mas no comentário feito a ideia de intimidade é diferente da que eu pensei inicialmente, é vista mais como intimidade física, que pode ser contabilizada em vezes, que pode ser exigida e negada. Eu acho que a intimidade, pelo menos a que tinha em mente, quando é permitida, mantém-se, não se retira, não se consegue retirar. O contacto físico, a comunicação, esses podem ser cortados mas a intimidade, as ideias que foram partilhadas, os momentos que foram vividos, permanecem e permanecerão enquanto as recordações se mantiverem.

Acho que tudo parte do duplo sentido da palavra intimidade, e que no contexto do programa de televisão em questão tinha a ver com comunicação de desejos, com mostrar-se e não com contacto físico. (O programa era sobre pessoas com um desejo sexual bastante forte, e a tentativa de perceber os porquês e as implicações. Foi no Odisseia, não sei se vai repetir.)

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