terça-feira, maio 04, 2004

A vitória do clone

Esta versão do blog deixa de ser actualizada a partir de hoje. Quem entrar nesta página será automaticamente redireccionado para a página do Puta De Vida no weblog, graças à ajuda do Orlando que me forneceu o código html para o fazer.
Os arquivos referentes aos meses anteriores continuam a estar disponíveis bem como os comentários lá colocados.
Peço a quem tiver o link para o blogspot o favor de o alterar para o weblog (http://putadevida.weblog.com.pt/)


Is your penis this small?

Voltem sempre!

domingo, maio 02, 2004

E a ementa?

E a ementa afinal, qual foi?
Foi uma ementa variada como convém numa refeição equilibrada. Vejam se não falo verdade.

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(entrada corrigida em 2 de Maio às 21:00)

As fotos do almoço de Blogs

“Onde está o Xupacabras ?”

Esta foi a expressão mais ouvida durante o almoço, eu própria a repeti uma meia dúzia de vezes, mas sempre sem resposta. Ninguém sabia onde estava o Xupacabras, disseram até que o mesmo participaria incógnito, se fez, bem o fez, porque não foi detectado. Até cheguei mesmo a pensar que algum dos simpáticos empregados que nos servia podia ser ele disfarçado, mas esta continua a ser uma hipótese não provada.

O almoço foi … bem … não é fácil arranjar as palavras certas que o descrevam.

O cenário, a ribeira de Gaia, com o rio que se curva e esconde ligeiramente a Arrábida, a ponte D. Luís semi-forrada de andaimes regulares conferindo-lhe uma textura diferente que muito me agradou, o S. Pedro que resolveu dar o dito por não dito, e em vez da prometida chuva nos ofereceu um dia lindo, com uma luz brilhante e viva, temperatura agradável que permitiu abandonar casacos, apreciar o terraço que se abria sobre o douro.
Sugestão acertadíssima a do Orlando na escolha do Tromba Rija .

A comida, bem a comida nunca foi o que me moveu, e eu alimentei-me essencialmente de palavras, fui petiscando conversas com este e aquele, bebendo das experiências que contavam. Mas a comida era boa, dessem-me tempo de boca calada e eu teria despachado alguns daqueles petiscos.

As pessoas, era nelas que residia o encanto. Dos primeiros olhares tímidos em que nos rostos desconhecidos tentávamos adivinhar os nomes dos respectivos blogs às conversas desenvoltas que pouco depois se desenrolavam iam poucos minutos. Alguns eram exactamente como eu os imaginava, outros necessariamente diferentes, até porque tenho por hábito inconsciente tomar como referência alguém do mesmo nome para auxílio de imaginação, e nunca foram os nomes que ditaram rostos.

Tenho pena de não ter conseguido conversar com todos mas o tempo voou célere e já alguns abandonavam a sala, sem mesmo se terem feito as apresentações gerais. Passeio à beira-rio, unindo num percurso calmo as duas margens, juntando num olhar as duas cidades, conversas que se vão cruzando, espaços que se vão revisitando.

Está prometido já mais outro almoço lá para Julho ou Setembro desta vez em terras mais a Sul que uns têm de retribuir a hospitalidade do local e outros o prazer da visita. Podem colocar já o meu nome na lista que eu adorei conhecer-vos e gostaria de apreciar um pouco mais o prazer da vossa companhia.

Já sei que devem estar a pensar acaba lá com a treta e mostra lá as fotos, que isso é o que queremos ver. Pois aqui fica um par delas para abrir o apetite.

Foto 1 - Foto 2


sábado, maio 01, 2004

Homework

Estou a fazer os trabalhos de casa para o almoço de amanhã. :)
E avaliar pelo número de referências ao meu blog a partir do mais_um_po_tacho, não sou a única.

Até daqui a pouco mais de 12 horas.

quinta-feira, abril 29, 2004

Animais de estimação

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Gostava de ter um gato ou um cão.
Como não tenho vou-me entretendo a fotografar alguns dos que encontro.
Assim posso dizer que tenho animais de estimação virtuais.

Aqui ficam os meus cachorros virtuais. Se preferirem gatos, podem ir aqui. São liiiiidos!!!

terça-feira, abril 27, 2004

Encontro de Blogs

Próximo sábado mais de meia centena de bloggers vão finalmente ver-se cara a cara. Por mim falo que não conheço ninguém, nem pessoalmente nem mesmo por foto. A Jacky diz que já está a stressar com a ansiedade.

Eu tenho algumas expectativas, claro, curiosidade em ligar textos e rostos. Nunca fui a um encontro destes, de bloggers, ou de frequentadores de canais do irc, por isso não sei como irei reagir. Tenho consciência que somos demais para conseguir conversar com todos, necessariamente se irão formar grupos.

Sei que vai ser sempre um choque porque vamos confrontar uma imagem de alguém com o que ela efectivamente é. E de certeza que quer essa imagem tenha resultado de descrições feitas quer da nossa própria imaginação dificilmente irá coincidir com a realidade.

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“Que dizer? Que vestir? Como nos vamos apresentar?” continua a Jacky.

Acho que a última dúvida é importante. Não só como nos vamos apresentar mas como vamos ligar a pessoa que temos à frente ao blog que costumamos consultar no nosso computador. Já pensaram em fazer um daqueles crachás de lapela com o layout do blog para uma mais directa identificação? Deixo aqui o meu, directo e pouco imaginativo, que o tempo tem sido curto.

E o vosso como seria?

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Mas podemos sempre seguir a sugestão do Fernando e permanecermos incógnitos, cada um arranja um nome, por exemplo de uma personagem de B.D. e usa esse nome.

O que acham?

(Eu cá fico com o Garfield ou com a Pink Panther)
(Poxa não devia ter dito, agora vou ter de arranjar outro).

domingo, abril 25, 2004

A puberdade de uma nação.

Eu gostava de dizer alguma coisa a propósito dos 30 anos do 25 de Abril, não gostava de deixar passar sem referência a data, agora que tenho um blog onde posso partilhar o que penso e o que sinto.

Se o 25 de Abril não tivesse acontecido em Portugal, se o estado das coisas se tivesse mantido, ou evoluído em continuidade, nesta altura o mais provável era eu não ter um blog. Mas admitindo que o tinha, deveria submeter previamente cada post a uma entidade censória para a mesma determinar se o que escrevo podia ser publicado, ou se teria de sofrer alterações, cortes, mutilação. Quereria saber quem eram as pessoas com que me dava, de que falávamos, onde nos reuníamos, se a reunião fosse possível.


Se o dia 25 tivesse sido apagado da nossa história, estaríamos num país vivendo à volta do seu umbigo, ignorando as influências do exterior, vivendo com expectativas mínimas, sobreviver e quem sabe um pouco mais.


Hoje acordei com o rádio entrevistando o que designaram a geração de Abril, pessoas com quase 30 anos, nascidas ainda no calor da revolução. Para todos o 25 de Abril era já um facto distante, conhecido fundamentalmente dos livros de história escolares.


Eu não estudei o 25 de Abril na escola. Eu senti o 25 de Abril como criança, vi-o reflectido nos que me rodeavam. Se fosse um pouco mais velha tê-lo-ia vivido um pouco mais, se habitasse uma cidade grande teria saído para as ruas, ter-me-ia misturado com a multidão, sentir o prazer de ser parte de um conjunto, fazer parte da história. Eu senti o 25 de Abril nos livros que fui lendo, nas histórias que me foram contando, nas recordações difusas que aprendi a interpretar com o tempo e a idade.

Já o disse antes por isso perdoem a repetição. Comparo Portugal a uma pessoa, e o nosso país, na época da revolução era um adolescente, porque era sonhador, idealista, porque acreditava que poderia tornar-se um país melhor. O país era um adolescente porque antes fora uma criança, filha de pai tirano e castrador, que não lhe dava o direito de se exprimir, o poder da decisão, que impunha a sua ideologia e castigava quem a não seguia.

Acho que o 25 de Abril foi a última revolução romântica no nosso mundo, dificilmente algo equivalente voltará a suceder, a maior parte dos países são já adultos pragmáticos, conservadores, onde o sonho morreu já. Alguns são ainda crianças travessas, ou mimados, ou negligenciadas e não tem espaço para o sonho. Uma revolução como a nossa, feita com armas sim, mas também feita com música e flores, uma revolução em que a violência nunca foi a primeira opção, uma revolução que se baseou no apoio popular que sabiam existir, no descontentamento de uma nação que vivia com medo, uma revolução como a nossa é uma marco neste nosso planeta em que as mortes se sucedem, em que o respeito pela vida humana é todos os dias esquecido, não só pelos indivíduos mas também pelas instituições e pelos governos que se dizem democráticos.


“Somos filhos da madrugada…”
Assim me sinto eu, filha de uma madrugada com 30 anos de vida…

Horóscopo das Flores

PAPOILA (de 6/8 a 28/8 )

"Esta flor de cores brilhantes é a fonte do extracto usado para preparar o ópio. As pessoas nascidas sob o signo da Papoila gostam de viver ao ritmo da aventura. São optimistas, alegres e fazem questão de disseminar energia positiva e alto astral por onde quer que passem. Estão sempre em busca de novidades e não se lamentam quando algo dá errado, pois acreditam na importância de aprender com as experiências. Buscam avidamente novos conhecimentos e colocam paixão em tudo o que fazem. Tendem a exercer verdadeiro fascínio sobre o sexo oposto, mas podem se comportar de um jeito bastante instável nos relacionamentos amorosos." in Linguagem das Flores



Agrada-me ser uma papoila ...

sexta-feira, abril 23, 2004

Fim de tarde à beira-mar

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Estava um fim de tarde bem bonito, o vento um pouco frio, é verdade, mas isso não se sente na fotografia. Sempre que passo de carro por aqui sinto vontade de parar e apreciar mais demoradamente, quase nunca o faço, existem sempre condicionantes.
Gostei do efeito das sombras longas do entardecer, criando uma segunda textura que combina com as marcações na betonilha no passeio.

As faces da ferrugem II

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sábado, abril 17, 2004

Inspiração

Existem dias em que a inspiração não chega. Hoje é um desses dias.

Apesar do mar que se estende à minha frente, da sua ondulação ligeira e brilho vivo, apesar da espuma branca que se forma quase sob os meus pés, apesar do farol que se recorta contra o céu, sobre o molhe, apesar das gaivotas que passam lentamente à frente dos meus olhos, perscrutando o mar em busca de peixe, apesar do sol que brinda o mar, apesar de tudo não consigo escrever. Já ensaiei inícios vários, abandonados algumas linhas depois não satisfeita com o resultado. O erro deve ser certamente meu que quero contar algo que apenas se sente. Uma descrição é pálida, falta-lhe o calor do sol que me chega, reflectido pela ondulação do mar, falta o encanto da música, faltam todos os pormenores em que eu me prendo mas que contados perdem a graça.

A ferrugem na salamandra não é sinal de degradação, mas a marca do tempo e da proximidade do mar. Gosto da ferrugem, gosto da textura da ferrugem em cima do metal, do modo como lhe vai alterando a forma. A ferrugem nos metais é um pouco como as rugas nos humanos, existem porque estamos expostos, porque sorrimos, porque choramos, porque sentimos, porque vivemos. O ferro sem marcas ainda não viveu, ainda não cumpriu os seus desígnios.

Não consigo transmitir a beleza da corda escurecida pelo uso quando o sol desenha com sombras os fios que se entrançam.

Existem dias em que a inspiração tarda em chegar …

quinta-feira, abril 15, 2004

Aveiro

A M. começou a falar do encanto de Aveiro, dos edifícios Arte Nova, que também a mim me agradam muito, e abriu-me o apetite para mostrar mais umas fotos.
Aveiro tem um encanto muito especial, a calma da ria em que a cidade se reflecte, uma luminosidade mais aberta, uma cidade que se percorre com agrado a pé (ou de buga, claro), uns ovos-moles a que não resisto… e claro, restaurantes fechados ao Domingo, ou então é azar nosso que não sabemos procurar.

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quarta-feira, abril 14, 2004

Lego?!



Um Volvo feito em Lego, em tamanho natural. Descoberto num blog cheio de coisas engraçadas e interessantes - Gizmodo

Mais vistas aqui.

segunda-feira, abril 12, 2004

O mais lindo !!!

Para mim, este é um dos arruamentos mais bonitos do Porto.
Gosto do desenho da via, do percurso que se faz, curvando num sentido e depois no outro, mostrando sempre vistas diferentes.
Gosto muito das árvores, e das cores que adquirem nas diversas estações. Gosto da forma como filtram a luz do sol e a luz do dia, criando uma atmosfera diferente.
Hoje passei por lá e as arvores estavam com esta cor.
E vocês! Qual é a vossa rua / avenida / alameda / viela …. preferida?

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Quando precisarem de mapas, este site tem mapas de todo o mundo.

domingo, abril 11, 2004

A praia

A praia lançava-me um convite, à medida que eu contornava a rotunda do Castelo do Queijo, e depois seguia, descrevendo a curva da marginal de Matosinhos e o cheiro a maresia invadia o carro.

Abri mais as janelas, o ar exterior não conseguia competir em frescura com o ar condicionado, mas o odor forte marítimo compensava o calor.

O dia fora extraordinariamente quente, o sol brilhava com uma força pouco usual desde manhã cedo. Uma centena de metros de distância do mar e a temperatura subia logo vários graus. Na praça atravessar o espaço que separava umas arcadas das outras, parecia ser atravessar o deserto, o ar seco e o sol queimando a pele.

Debaixo das arcadas, por comparação até parecia fresco... mas era uma sensação rapidamente ultrapassada mal a pele se habituava de novo à temperatura e uma fina camada de suor a recobria outra vez.

Estava decidida a aceitar o convite lançado pela beira-mar, e estender-me no areal aproveitando os últimos raios de sol. Não esperava que esses últimos brilhos, já quebrados, conseguissem alterar a tez da minha pele, branca ainda, mas esperava que pelo menos me conseguisse proporcionar aquela sensação de ligeira ardência de pele em fim de dia de praia. Sensação que, inexplicavelmente, não consegue ser atingida se em vez de me estender no areal, preferir a calma da varanda a três quarteirões do mar. Aquela sensibilidade que transforma o calor de obsessivo em reconfortante, envolvente, acariciante. Aquela sensação de arrepio que mimetiza outros momentos.

No areal, o sol já havia perdido parte da sua força, uma ligeira neblina filtrava a luz, e uma aragem mantinha a pele fresca. Cruzei-me com varias pessoas que terminavam o seu dia de praia, seis da tarde, exactamente no momento em que estendi a tolha na areia e olhei o telemóvel, meu único relógio desde que acabei conquistada, ou vencida, ou rendida à comodidade de estar sempre contactável. O relógio de pulso foi abandonado no verão, como todos os anos para não marcar o braço com uma mancha clara, mas também pela sensação de liberdade que isso proporciona, não saber que horas são e não me importar com isso. Foi abandonado e não mais retomado.

Deitada iniciei a leitura de um livro, o tipo de escrita não me cativava, frases curtas, ambiguidade. Algumas imagens bonitas, sim, mas uma história que se conta muito pouco, que se deixa perceber, que se deixa imaginar mas que não corre fluida como um rio, como a água que foge da nascente, como eu gosto.

Gosto de ler e gosto que as palavras me conduzam ao longo da história como quem faz um passeio, com ritmos diferentes, vendo cidades diferentes, mas num movimento que evolui e que não se imobiliza abruptamente.

Não gosto da condução nervosa de quem pára bruscamente e acelera com a mesma rapidez, não gosto de sentir o solavanco, gosto do iniciar suave, de uma paragem que se anuncia.

O texto não me agradou, parecia a escrita nervosa de quem está parado num semáforo esperando impacientemente que o sinal fique verde.

Se tivesse o ritmo da poesia, as frases curtas, as paragens abruptas seriam bem vindas, como quando fico brincando com o pedal do travão ao som da música, tentando, pelas luzes vermelhas intermitentes, passar a música que escuto a quem mais compartilha a fila comigo.

Abandonei a leitura no final do segundo capitulo. Não abandonei, interrompi, porque apesar do estilo de escrita não ser aquele com que mais me identifico, não quero colocar palas nos olhos e fechar-me para outras formas de sentir a nossa língua.

O sol já não tinha praticamente força para se sobrepor à brisa que sopra em fim de tarde e a pele vai sentindo, alternadamente, o arrepio de frio e a sudação do calor.

Opto por dormir um pouco, fechar os olhos, pensar, reflectir e esperar que a mente se desligue um pouco da realidade, dos sons que a envolvem, os gritos dos miúdos que jogam à bola, os comentários do grupo que joga às cartas. Se abstraia mesmo do som do mar, e sinta unicamente um zumbido sem sentido, sem significado mas que aconchega o meu cérebro.

(5-8-2003)

Marido Virtual

Para quem não tem maridinho ( e quer, claro), para quem tem mas acha que não está bem servida (ou servido), deixo aqui uma prenda, um marido virtual. Divirtam-se, que para uns terá graça, para outros, graça nenhuma.

sexta-feira, abril 09, 2004

Fiquem-se pelas amêndoas ...






Um coelho não é um brinquedo para dar a uma criança!

Uma Boa Páscoa para Todos!


adopt your own virtual pet!


Agência de adopção descoberta aqui.

O Sonho de Qualquer Agente de Viagens...

Apanhei este post no Iss' agora...! , tem graça. São perguntas de turistas que pretendiam ir de férias para a Africa do Sul e a respectiva resposta do Agente de Viagens. Aqui ficam algumas delas.

P: Costuma fazer vento na África do Sul? Nunca vi na TV que aí chovesse, por isso, como é que as plantas crescem? (G.B.)
R: Nós importamos todas as plantas completamente crescidas e depois ficamos por aqui sentados a vê-las morrer.

P: Serei capaz de ver elefantes nas ruas? (E.U.A.)
R: Depende daquilo que beber.

P: Quero ir a pé de Durban à Cidade do Cabo - Posso seguir as linhas do comboio?(Suécia)
R: Claro, são só 2 mil Km, leve muita água...

P: Pode dar-me alguma informação acerca das corridas de Coalas na África do Sul? (E.U.A.)
R: A Aus-trá-lia é aquela ilha grande no meio do Pacífico. Á-fri-ca é aquele continente em forma de triângulo a sul da Europa e não tem... Olhe, esqueça. Claro, as corridas de Coalas são todas as Terças à noite em Hillbrow. Venha nu.

P: Para que direcção fica o Norte na África do Sul? (E.U.A.)
R: Fique de frente para Sul e depois dê uma volta de 90º. Entre em contacto connosco quando cá chegar e nós damos-lhe o resto das instruções.

P: Podem enviar-me o horário do Coro dos Pequenos Cantores de Viena? (E.U.A.)
R: A Aús-tri-a é aquele pequeno país que faz fronteira com a Ale-ma-nha, que é...olhe, esqueça. Claro, o Coro dos Pequenos Cantores de Viena actua todas as Terças à noite em Hillbrow, logo a seguir às corridas de Coalas. Venha nu.

P: Sabe dizer-me onde é que, em África do Sul, a população feminina está em menor número que a masculina? (Itália)
R: Sim, nos clubes gay.

Podem ver a lista completa aqui

PEN USB

Preciso de comprar uma PEN. Provavelmente a palavra não será bem preciso, mas mais dava-me jeito …mas de qualquer forma, ando a espreitar modelos e preços. E acho que encontrei neste modelo o ideal, um canivete suíço USB



“O canivete suíço foi criado por uma joint venture entre a Victorinox e a empresa de memória digital Swissbit.
A faca combina 128 MB USB de memória, tecnologia LED (diodo emissor de luz), tesoura, lixa de unha, chave de fenda e caneta.”


Se também fizer café, compro já!

quinta-feira, abril 08, 2004

A dieta do Chocolate

Ainda a propósito de Vícios, Hábitos e Prazeres, lanço aqui mais um tema, o chocolate. Não que não pudesse estar incluído em comida, mas acho que merece um lugar próprio e separado.
Já fui doida por chocolate, como a maior parte das crianças. Nessa altura nem sequer era habitual ter chocolates em casa e talvez por isso, por ser algo apenas acessível de vez em quando, era um prazer imenso e imparável … até à última réstia na prata que o embrulhava. Adorava as libras de chocolate, embrulhadas em prata amarela, e os smarties, aquelas drageias de chocolate, cobertas com uma fina película colorida.

Agora como chocolate habitualmente mas em pouca quantidade, um bombom com o café, ou melhor ainda, um pequeno e fino quadrado de chocolate com sabor a laranja, quantidade ínfima mas que me sabe divinamente. Não é um vício, acho que nem chega a ser hábito, é um prazer com toda a certeza.

Para quem o chocolate é um vício, um hábito e um Prazer, aqui deixo uma dieta à base de chocolate, provando com lógica, que o chocolate é um alimento muuuuiiiiitttttooooo saudável. :)


Dieta do Chocolate:

1 - Coma uma barra de chocolate antes de cada refeição. Isso reduzirá seu apetite ao mínimo, e você comerá menos.

2 - Chocolate é um VEGETAL. Chocolate é feito de cacau (cacau = vegetal) e de açúcar. Açúcar é feito de cana ou de beterraba. Ambas são plantas, ou seja, vegetais. Logo, chocolate é, integralmente, um vegetal.
Praticamente uma SALADA.

3 - Chocolate também leva leite. Portanto, chocolate é um alimento muito saudável.

4 - Chocolate pode ser recheado com passas, morango, laranja, cerejas,etc.
Tudo isso são frutas, e frutas são saudáveis, portanto, coma à vontade, tantas barras quanto desejar.

5 - Probleminha: como levar 1kg de chocolate da loja para casa em um carro quente? Solução: coma no estacionamento mesmo.

6 - Equilíbrio: se você comer porções iguais de chocolate branco e chocolate preto...isto é uma dieta balanceada. Saudável, portanto.

7 - Chocolates têm muito conservantes, logo...conserva você. Conservantes fazem você parecer mais jovem.

8 - Escreva "Comer chocolate" no início de sua lista de coisas a fazer hoje. Assim, pelo menos UM item de sua agenda você vai conseguir cumprir.

9 - Uma boa caixa de chocolates pode fornecer toda a sua necessidade diária de calorias. Não é prático isso?

10 - Lembre-se: STRESSED (stressado) soletrado de trás para a frente é DESSERTS (sobremesas). Portanto, sobremesa (de preferência de chocolate) é o antídoto do stress.


E já agora podem espreitar no Farol das Artes, alguns textos sobre o chocolate.


quarta-feira, abril 07, 2004

Fotografia #3

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Um céu azul mesclado de nuvens faz maravilhas por qualquer cenário.

Fotografia #2

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Gosto das árvores no início da Primavera, quando as folhas e flores apenas despontam, mantendo bem visível a estrutura dos troncos. Depois da nudez do Inverno vestem-se de alegres roupagens novas. Gosto de jardins onde a mistura de espécies garante uma extensa paleta cromática.

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terça-feira, abril 06, 2004

Fotografia

Fui desafiada a colocar aqui no blog, mais fotos tiradas por mim. Quem me mandou dizer que gostava de fotografar, agora querem ver que almas ando eu por aí a roubar.
Deixo hoje uma só, para aguçar o apetite (ou para desistirem logo de uma vez por todas).
A escolha foi difícil mas acabou a recair sobre esta foto.

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É uma gata meiga, mimalha, sempre enroscada nas nossas pernas, já perdi a conta a quantos anos tem, mas mais de 10 são certamente. Já foi mãe, avó, bisavó de ninhadas que nasceram lá por casa. Já cometeu a proeza de conseguir ter 3 ninhadas num só ano. Foi a gata que conseguiu reconciliar a minha mãe com a espécie, depois de muitos anos em que de gatos queria a distância.

segunda-feira, abril 05, 2004

Os primórdios da sociedade digital

Uma aula para crianças – Planeta terra, ano de 2050

Ao contrário do que acontece com vocês, que tem o vosso diário gravado desde o dia que nasceram até ao dia em que irão morrer, porque do destino da morte ainda não nos conseguimos libertar, existiu um tempo em que cada um o fazia de memória, recordando ao final do dia, ou no final da vida, por tudo o que tinha passado e dava testemunho, por escrito, para que outros pudessem participar das suas vidas e das suas experiências.

Quando cada um de nós nasce é-lhe colocado um nanochip que irá guardar as memórias e as imagens de todos os momentos porque passa, e pode decidir tornar publicas essas recordações, na íntegra e para todos, ou unicamente certas partes e para certas pessoas. Os vossos pais já vos devem ter explicado que por enquanto ainda não o podem fazer, mas mais tarde é um direito que vos assiste. E se na vossa vida fizerem actos prodigiosos, para alem de um direito passa a ser um dever, não obrigatório mas incentivado pela comunidade.

Existem organizações responsáveis pelo tratamento da informação de modo a garantir a reserva de privacidade de terceiros, pessoas que aparecem nas vossas recordações, mas que não aceitaram a divulgação das suas próprias memórias. Existem empresas que compilam a informação criando conteúdos de divulgação. Mas existem também pessoas que o fazem por sua conta, disponibilizando, ao longo do dia, momentos importantes da sua vida, a sua visão do mundo, imagens captadas na sua retina e transferidas em tempo real, para a rede, são os chamados lifelogs.

No final do século XX surgiram os bisavôs dos lifelogs, os weblogs, ou blogs, como também eram designados. Foi próximo da mudança de século que a grande explosão dos blogs se deu, com a criação de serviços gratuitos pré-formatados que permitiam a pessoas sem conhecimento técnico a colocação on-line de informação, fácil e rapidamente. De um universo restrito de pessoas com conhecimentos técnicos de programação html que faziam uma página e actualizavam-na numa base diária, passou-se a uma quantidade incrível de utilizadores desses serviços, que alteraram completamente a definição inicial de weblog. De um formato muito próximo do diário pessoal em papel no início, exploraram muitas linhas diferentes, tornaram-se fazedores de opiniões, palcos de discussão, meios de divulgação de cultura, lançamento de escritores, de fotógrafos, de pintores … foi a conquista do espaço da rede por um boom de criatividade.

Como no início da utilização de qualquer tecnologia, de qualquer meio de comunicação, havia muito idealismo à mistura, muita força de vontade, muito empenhamento, relações fortes, a ideia da criação de comunidades, grupos de pessoas que se uniam num espaço virtual, quando a distância física as afastava mas geralmente associado a muito pouco rigor, pouco domínio da tecnologia. Eram como uma criança a dar os primeiros passos, eram como vocês, há poucos anos, com uma enorme vontade de tudo experimentar mas sem dominarem ainda todos os movimentos. Nessa fase, qualquer pessoa podia ter um weblog, os encargos eram nulos, por isso encontravam weblogs dedicados a bebés recém-nascidos, escritos pelos pais, blogs de crianças da vossa idade, adultos que se dividiam por vários, animais de estimação que acabavam a ter blogs a eles dedicados. A novidade fazia com que todos quisessem experimentar, multiplicando o número de páginas, algumas delas abandonadas a curto prazo, quando a novidade se perdia.

……
Acho que se começa a impor fazer a história dos weblogs, um arquivo dos blogs produzidos. Já se começam a fazer estudos sociológicos sobre o significado dos mesmos para quem os utiliza, respondi ainda ontem a um inquérito brasileiro. Já existe uma pequena pedra lançada, uma blogopédia. Parabéns ao Vizinho pela ideia e pelo trabalho.

domingo, abril 04, 2004

Vícios, Hábitos e Prazeres III

Mais vícios, hábitos e prazeres descritos passo a passo. E como quem conta um conto acrescenta um ponto, mais uma palavra a ser lançada para a reflexão; Fotografia.

Tirar fotografias é uma prazer desde há muito tempo, desde criança e da altura em que pela primeira vez me colocaram uma máquina nas mãos. A máquina fotográfica da família passou a ser a minha máquina, dela me apropriei sem pedido de autorização mas também sem contestação. Ainda conservo essa máquina, embora um pouco maltratada face a uma queda em que ela me amparou o embate com o solo.
Hoje, com a facilidade e a economia das fotografias digitais, acabo a fazer muitas mais, a experimentar muito mais, se não gostar, se ficar mal, é só apagar. Mas continuo a gostar de uma máquina não digital, em que eu controlo velocidade, abertura, brinco com a profundidade de campo, em que imagino o resultado mas tenho de esperar pela confirmação. O imediatismo da fotografia digital também lhe retira algum encanto.

sexta-feira, abril 02, 2004

Amor

Todo o amor é fantasia;
ele inventa o ano, o dia,
a hora e a melodia;
inventa o amante e, mais,
a amada. Não prova nada,
contra o amor, que a amada
não tenha existido jamais.

António Machado

Vícios ou hábitos II

O Alex fala dos seus Vícios, Hábitos e Prazeres. E lançou mais um tema a juntar aos restantes, as viagens.

Então falemos de Viagens.
Adoro viajar, conhecer outros locais, comungar de outros tipos de vida. Gosto particularmente quando a viagem se afasta do que são os guias turísticos e se embrenha em rotas menos trilhadas, em olhares menos espantosos mas nem por isso menos belos. Gostava de dizer que as viagens são um hábito de todos os dias, mas não são. São um hábito de férias grandes em que me transformo em esponja tentando absorver tudo aquilo com que entro em contacto.

quinta-feira, abril 01, 2004

Vícios ou hábitos?

De uma conversa com um amigo surgiu uma lista de palavras, coisas que geralmente associamos, mesmo que em brincadeira, a vícios. Não sou particularmente atreita a vícios, mais a hábitos.

Internet:
Hábito absorvente. Vício, muito provavelmente. Vou fazendo desintoxicações cíclicas nas férias grandes! Até já me disseram que o meu local preferido para sair à noite é o portátil.

Álcool:
Muito pouco, em festas, um jantar mais formal ... e umas cervejinhas nas férias... ou quando me sinto ... de férias. Muito pouca resistência, pareço o Mercúrio, com asas nos pés.

Tabaco:
Dei uma passa uma vez, chegou ... não era mau, mas também não valia a pena pelas consequências.

Drogas:
Nunca... o meu corpo fabrica tudo o que preciso.

Café:
Sim, vários por dia ... com adoçante (mas não por questões de engordar, é mesmo porque um comprimido é a dose certa)!

Comida:
Pode ser um prazer, um hábito é de certeza.

Sexo:
Sim, por prazer, nunca por hábito. Mas vício, também não é.

Cinema:
Gosto, mas infelizmente não é um hábito.

Música:
Sempre, mesmo no silêncio existem melodias que ecoam na minha cabeça. Vício, talvez... como o ar que respiro.

Livros:
Podem ser viciantes, já me perdi até de madrugada com livros. Foram um hábito forte, desde miúda. Nos últimos anos, o hábito tem perdido a força, resultado do ritmo de vida e de outras coisas com que facilmente me perco.

(Ultima actualização)
Blogs:
Ainda nem um vício nem um hábito, estou ainda na fase da paixão. Mas acho que são completamente viciantes, de um passa-se a outro, desse ao seguinte e assim, quando damos conta, se passou o serão.

E quais são os vossos vícios? Ou os vossos hábitos?

segunda-feira, março 29, 2004

This one is for you …

This one is for you, Curtis, so you can understand it properly. I admire you. You don’t speak Portuguese, and by the little Spanish that you know you could understand some of the things I wrote about you.
I imagine what you having passing, a pale imagination I know, reality overcomes always what we imagine.
You say that now you sit a lot in your computer, so let me take you to a little travel, far away in distance, but in the reach of a mouse click. Let me tell about Portugal, my country.

Portugal is a small European country, just by the Atlantic sea. The summer is worm, with a bright atmosphere; the winter is not very cold, just a little bit of snow in the high lands.
The sunset is always nice, making a yellow, orange, blue, gray and white patchwork in the sky, and giving a marvelous texture to the sea. I love water, the sea, the river, the way both of them get together like a dance.

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Portuguese are adventurous by nature or by faith. I think Portuguese are adventurous because is a case of do or die, like the song, the country is not rich, and people go seek a better life.





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Thirty years ago we had a revolution; I think it was the last romantic revolution in the world. A revolution made without blood, a revolution where the ones that took the power didn’t keep it for themselves. A revolution made with guns but also made with songs and flowers, made of ideals.


If a country is like a person I would say that Portugal then was a teenager, dreaming about how he was going to make the world a better world, a place where the people were equal, in decisions and in goods. I was little then, maybe the romantic was me and not the revolution. That spirit is long gone, now the country is an adult, concerned about money and profits.




I think you would like here, we are a small country but with multiple landscapes. We have old stone gray houses; we have white castles, buildings so deeply worked that don’t seem made of stone.

This as a short visit, you can see a little more here and here.

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sexta-feira, março 26, 2004

Saramago

Ensaio sobre a lucidez - José Saramago

Apresentação do livro e sessão de autógrafos.

Auditório Fernando Távora - FAUP
30 de Março - 15:30

Carolina (II)

Os dias continuavam iguais uns aos outros, mas agora uns já eram mais iguais que outros, tinha mais uma companhia que fazia a diferença. As portas do armário, agora com o vidro e cartolina colada, devolviam-lhe uma imagem de alguém que ela não queria reconhecer mas que lhe parecia familiar. Costumava agora, ter com essa imagem, longas conversas sobre tantos e tão importantes assuntos. Ela não se aventurava a dar-lhe opiniões, nem tão pouco lhe respondia com palavras, mas escutava-a atentamente, interessada em tudo o que dizia, umas vezes concordando, outras vezes entrando em desacordo, não que lho dissesse directamente, mas Carolina conseguia ler isso tudo nas expressões que a imagem fazia.

Os dias passaram a ser feitos ao ritmo dessas conversas, sempre ansiosa que a passassem da cama para a cadeira ou para o sofá, para que pudesse continuar com o assunto do dia anterior, conversa geralmente interrompida pela entrada da mãe que nunca entenderia tamanha intimidade. Tinha finalmente uma amiga, a quem confiava tudo, os seus segredos, os seus anseios, a forma como a vida a magoara, lhe retirara os sorrisos e os sonhos.

Tinha-lhe contado tudo e nunca em seus olhos tinha lido compaixão ou pena, cada qual carrega um fardo vida fora, cada um achando que o do outro é mais leve ou menos volumoso, mas haveria certamente quem carregasse um maior que o seu. Sempre lhe leu força no olhar, força e admiração, e isso sempre lhe deu mais energia para continuar.

Mas o dia chegou em que o vidraceiro entrou, contente, porta adentro com os vidros novos. Carolina ainda tentou dizer à mãe que deixasse assim, que já se habituara, que lhe iria parecer estranho o branco pálido dos vidros antigos de volta. Mas a mãe não aceitou o argumento, para ela era uma questão de símbolos. Aquele armário representava o seu casamento, que ela queria que se mantivesse forte e belo como no primeiro dia, como no tempo em que os dois se endividaram para se darem a um luxo merecido. Claro que não foi o argumento por ela utilizado, falou antes dos vidros já comprados, do dinheiro já gasto, do estilo do armário, do valor do mesmo.

Carolina viu a cartolina a ser descolada das portas de vidro e a sua amiga perdendo a força da imagem, ficando como uma ténue lembrança, sobre o vidro ainda montado. Com os vidros novos colocados a felicidade da mãe contrastava com o abatimento de Carolina.

Porque lhe tinham retirado a amiga que lhe servia de confidente, com quem poderia agora extravasar seus sentimentos. Ela não estava louca, sabia que a hipótese de essa amiga ser o reflexo de outro ser era remota, sabia que essa amiga era certamente uma invenção sua para passar o tempo, mas precisava de algo para manter a aparência de realidade, um vidro que devolvia uma imagem, palavras que não se perdiam no ar porque uma expressão lhes respondia.

Carolina ficava cada dia mais triste porque precisava desabafar e não tinha com quem, precisava contar do desaparecimento da sua amiga, mas com quem, senão com ela, poderia Carolina referir tal facto. Sentia-se presa, amordaçada, muito mais do que a sua condição física lhe impunha.
Tinha uma saudade imensa da imagem, de todas as características que se habituara a atribuir-lhe. Podiam não acreditar, mas para ela, não era um reflexo, não era uma imagem, era uma pessoa pela qual tinha desenvolvido uma amizade forte, uma cumplicidade imensa. Há quem o faça por palavras, por cartas e fotos trocadas à distância, há quem o faça por e-mails, trocados com gosto e carinho, ela tinha-o feito por um reflexo num vidro na porta de um armário.

E sentia-se triste, sentia-se só, porque a sua amiga não estava lá mais, para lhe fazer companhia, para escuta-la, tinha lhe sido retirada sem que ela pudesse fazer nada e por isso Carolina sentia-se roubada, enganada. Já não era uma criança, já não se podia por a falar com bonecos. Era irónico mas era verdade, era assim que se sentia. Com as bonecas que se conservavam no quarto nunca poderia ter uma conversa séria. Quem é que no seu perfeito juízo, iria falar de sentimentos e problemas com uma Barbie?

O reflexo no vidro era o que ela quisesse fazer dele, e ela fez dele uma amiga querida, daquelas que na vida toda se tem o máximo duas, isto tinha ela lido numa revista, daquelas que nos compreendem mesmo quando estamos calados, que nos olham e que sabemos que poderemos contar sempre com o seu apoio. Uma amiga que poderia esperar de si também lealdade, compreensão, carinho imenso.

Carolina tinha agora muito tempo para pensar, sempre o tivera, mas agora ainda mais depois que as conversas se findaram. Pensava que mais importante do que o que os sentidos nos dizem é o que a nossa mente quer acreditar. Que se tinha entregue aquela amizade como se fora real, e não se arrependia. O que aquelas conversas tarde fora lhe tinham dado já não lhe poderia ser tirado, a companhia, o carinho do olhar da imagem, e sobretudo a reflexão conjunta, que lhe tinham permitido conhecer-se melhor, aceitar tudo o que lhe sucedera.

Tinha pena de não ter havido uma despedida, uma última conversa, um último olhar, uma explicação. Queria dizer à imagem o quanto lhe tinha feito bem, precisava de lhe dizer que sempre estivera consciente da situação insólita, que se confidenciara a sua vida o fizera por sua conta e risco, porque precisava de o fazer, que nunca lhe exigira nada, que o fizera por si, para se libertar, para exorcizar as suas mágoas. Não tivera direito a esse adeus, restava-lhe apenas imaginar como poderia ter sido.

E esperava, pacientemente, que um dia alguém se descuidasse com a cadeira e partisse de novo o vidro do armário.

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Este conto é dedicado às relações fortes que se estabelecem entre pessoas que nunca se fitaram olhos nos olhos, cuja única prova da sua mútua existência são palavras, seus reflexos em telas ou papéis. É dedicado aos amigos de quem não conheço as feições.

quinta-feira, março 25, 2004

Carolina (I)

A doença tinha-a confinado ao espaço do quarto, dias passados entre a cama e o sofá, uma vista distante de céu, nuvens e copa de árvores, um rádio que lhe trazia notícias de um mundo que ela já não reconhecia, algumas visitas, poucas, e que cada vez eram mais espaçadas e mais breves. Os assuntos deixaram de existir. As amigas de outrora agora tinham filhos, casas, maridos, empregos, vidas completas e repletas de interesse. A sua era passada entre quatro paredes, duas janelas e duas portas.

A revolta já tinha dado lugar à resignação, a esperança ao desalento. Nada mais havia a fazer do que passar o tempo contando momentos, desfiando minutos, tentando encontrar relações entre eventos, tentando adivinhar a sucessão de acontecimentos para assim se distrair.

Havia um pássaro que vinha pousar num ramo que balouçava bem fora da janela. Costumava aparecer à hora do pequeno-almoço, umas vezes antes da bandeja entrar pelas mãos da Rosana, outras vezes logo depois. Costumava fazer apostas consigo, dia após dia, tentando adivinhar a hora em que o pássaro iria cantar a primeira nota. Já tinha acertado algumas vezes, mas bem poucas, comparadas com as que se enganara largamente.

Assim tinha que ser a sua postura para vencer o tédio dos dias sempre iguais. Tinha que ser imaginativa, libertar-se do corpo que a prendia imóvel, e passear solta por sonhos, por paisagens abertas, linhas de horizonte difusas, por espaços tão amplos quanto o seu quarto lhe parecia diminuto, encerrado, voltado sobre si próprio.

Os dias sempre iguais tinham ocasionalmente uma alteração de rotina, algum facto novo que lhe causava uma emoção imensa por mais simples que fosse. A janela mal fechada que deixa o vento penetrar e brincar com as cortinas fazendo-as parecer oceanos agitados, o pássaro que um dia se atreveu a pousar no peitoril da janela e a testar a resistência da vidraça com o bico, a cadeira que foi encostada com demasiada força à porta do armário e partiu o vidro fosco com cercadura grega que a sua mãe tanto gostava. Fora uma peça namorada tempos a fio até ser possível juntar o dinheiro que a mesma custava. Um luxo, tinha dito o pai, e repetia agora a mãe, mas que ambos mereciam.

O vidro partido da porta do armário causou agitação na casa. Não seria fácil substitui-lo, o desenho da cercadura em transparente já não se fazia a não ser por encomenda. Alguém sugeriu que era uma boa altura para mudarem a decoração, mas a mãe não concordou, não abdicaria do seu armário, teria que ter arranjo.
Foi chamado o vidraceiro que sugeriu que montassem dois vidros transparentes, dos mais baratos, enquanto se tentava, pelo vidro sobrevivente, mandar fazer um novo, melhor seria fazer o par, avisou ele, que assim ficariam iguais o que de outra forma não poderia garantir.

E assim ficou decidido e assim foi feito. Carolina assistia a toda esta azáfama sentada, como sempre, no seu sofá, divertindo-se com a dificuldade do vidraceiro em tirar as medidas do vidro partido, que a porta, de cada vez que abria e fechava, mudava de tamanho, dizia ele. Talvez fosse verdade, talvez fosse uma porta mágica colocada ali por algum mago para que o trabalho demorasse mais tempo e assim ela tivesse mais companhia, uma companhia diferente.

Já não se lembrava de ver o seu quarto com tanta animação. O vidraceiro decidiu que não seria uma porta de armário que o deixaria ficar mal e fez um molde em cartão, que montou no caixilho vazio, abrindo e ficando a porta repetidas vezes. Agora sim, poderia dar as medidas por concluídas. Mais tarde viria montar os vidros provisórios, que já faltava pouco, era só um pouco mais de incómodo.

Apeteceu-lhe dizer que não incomodava, mas enquanto decidia se abria ou não a boca, já ele tinha saído porta fora, deixando um “Bom dia, Menina” suspenso no ar.

Vidros provisórios montados e mais uma celeuma se levantava. Os vidros transparentes deixavam ver o conteúdo do armário, assim não poderia ser, dizia a mãe. Já o vidraceiro se imaginava a ter que retirar aqueles vidros e a ter de colocar uns opalinos quando o pai, sempre bastante prático, arranjou a solução. Colava-se uma cartolina preta pelo interior, veriam como ficaria bem.

Música

Uma das secções por onde passo SEMPRE na FNAC é a que eles designam como “Música do Mundo”. Alguns daqueles sons dizem-me muito, sem que exista explicação racional para o facto, porque não cresci a escuta-la, não me foi ensinada na escola, não faz parte da minha história directa e contudo é como se me revisse naquela sonoridade, como se algumas daquelas melodias estivessem entranhadas na alma. São nomes e sons distintos que em comum tem, principalmente, o facto de não passarem habitualmente na rádio. São músicas qe bebem inspiração em tradições milenares.
Andy Irvine, sozinho ou (sempre bem) acompanhado, Christy Moore, com a sua pronúncia característica e boa disposição, Maria del Mar Bonet com quem tento aprender catalão e acertar a colocação da voz, Fairport Convention, Chiftains, MUZSIKÁS … a secção não ocupa muito espaço mas os nomes que me agradam são muitos.

E porque me lembrei disto hoje?
Porque temos o Intercéltico aí à porta, cada vez mais um evento que une Portugal num gosto comum. Podem ver o programa aqui. E se forem ao Rivoli, nem que para isso tenham de empenhar as jóias da família, quem sabe se não nos encontramos por lá.

quarta-feira, março 24, 2004

Festejando...

Pensei que poderia abrir uma garrafa de champanhe, mas a verdade é que cada vez mais me dou pior com as bolinhas do dito, e depois é que são elas, fico enjoada e lá se vai a disposição para festejar.

Fogo de artifício está fora de hipótese, a tonelada e meia que eu tinha encomendado aqui na vizinha Espanha foi apreendida em Guimarães e agora já não dá tempo de fazer nova encomenda.

Música em altos berros, acho que não seria muito bem aceite pelos vizinhos, já que o prédio tem um isolamento acústico tão bom, tão bom, que já pensei arranjar um caderninho e começar a aferir os ritmos sexuais da vizinhança.

Resolvi então festejar aqui, fazendo um post.

E que estou eu a festejar? Não é a vitória do Porto, embora essa fosse ainda mais digna de referência.

Estou a festejar uma coisa que me deixou feliz, as vossas visitas ao meu blog. Tem crescido nos últimos dias e hoje, com muito espanto meu, estava na lista dos 25 mais visitados do Weblog. Em 25º lugar, quase a sair da tabela, mas lá estava.

Confesso, é verdade, fiz print screen para guardar de recordação. Acho que devia aproveitar porque não adivinho outra oportunidade, o tempo é cada vez menos, apesar da vontade ser cada vez maior.

Gosto de escrever, gosto de ler e gosto de ser lida. Gosto de debater ideias, gosto de conhecer, gosto de aprender, ensinar, partilhar. Mas isso todos vocês sabem como é, não é verdade?

OBRIGADA POR ESTAREM DESSE LADO!

Tempo de recordações

"Como vai Senhor Contente?
Como vai meu caro amigo, Senhor Feliz?
Diga à gente, diga à gente, como vai este país…"


A RTP está em tempo de recordações … e não pude deixar de sorrir ao ouvir esta música. Eu era miúda e adorava. Mas acho que naquela altura eu era fácil de contentar.

Hoje, com a televisão que temos, nem feliz nem contente. Só ainda está ligada pela preguiça de me esticar e apanhar o telecomando, porque o meu maior interesse é despertado por um outro ecran, mais pequeno mas muito mais interactivo.

"… como vai este país…"

Vai diferente, com toda a certeza. Em algumas coisas vai bem mal, mas noutras vai a anos-luz de distância, se por uma lado temos mais violência, menos segurança, por outro temos mais informação ( e desinformação), acesso a muitas mais coisas, podemos ser mais exigentes, aspirar a mais conforto e comodidade. Se por um lado somos mais consumistas, por outro lado também os bens ligados à cultura se tornaram mais acessíveis, quer por serem menos caros, quer por existirem formas alternativas de divulgação, como a Internet.

Sorri da lembrança da criança que eu era então, da forma como olhava o mundo, como sentia a vida. Mas não tenho saudades do Portugal de então, reconheço-lhe certamente virtudes a par com muitos defeitos. E como diz o Povo, para a frente é que é caminho.


terça-feira, março 23, 2004

Amigo

"Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Nao tenhas pressa que o vento
é meu amigo tambem"

José Afonso

Amigo

Olá Amigo

Se a vida fosse simples, não teria metade da graça que tem, isso tenho por certo. Mas sei que também não teria metade dos problemas, das dores ou angústias.

Se em cada momento tivéssemos certezas de tudo, saberíamos sempre o nosso caminho, mas onde ficariam a surpresa, a espontaneidade, onde ficaria a emoção da descoberta?

Não tenho certezas absolutas, sei o que sinto em cada momento, não sei se daqui a alguns anos pensarei da mesma forma, sentirei com a mesma intensidade, com as mesmas cores.

As questões que me colocaste são extremamente pertinentes, e só provam a ideia que tinha de ti, de alguém com uma sensibilidade especial e uma boa capacidade de avaliar situações.

Talvez seja como tu dizes, alguém com alguma experiência de vida.

Muitas são questões que eu já me coloquei, que já me foram colocadas, ou que nos colocamos mutuamente. São assuntos debatidos, muitas vezes aceites em teoria, mas que sabemos que só a pratica e a vivência de situações permitirá ter certezas.

Conseguir debater uma situação, sem cometer o mesmo erro, isto é, sem revelar questões que não são só minhas, é extremamente difícil, quiçá impossível.

Sempre me coloquei por inteiro no que faço, e acabei por ter a mesma postura na net, esquecendo que esta é uma realidade diferente, realidade feita de reflexões disformes em espelhos espalhados, em que cada um vê o que quer ver, em que cada um mostra o que quer mostrar.

Tenho gostado imenso de falar contigo, já tinha deixado de ser meu hábito ficar até de madrugada na "conversa". Acho que o que me atraiu nesta forma de utilização da internet são as conversas que eu não me imagino a ter cara a cara, por timidez, decoro, falta de oportunidade, tempo, e sei lá o que mais.

E depois de descobertas estas conversas, é difícil abdicar delas. E ás vezes ficamos presos a um ecran vazio à espera que algo se mostre, porque nos apetecia mais do que trabalho, mais do que um livro. Apetecia-nos espreitar directamente para o interior de outro ser, apetecia-nos deixar que alguém compartilhasse o que nos vai na alma.

Apetecia-nos observar a vida por uns outros olhos, saber de outras experiências.

Os momentos são raros, mas por vezes acontecem. Desenvolvem-se cumplicidades, atracções, dependências, ideias de sentidos ocultos, destinos ... uma miríade de sensações porque naquela conversa estamos a colocar tudo o que desejaríamos sentir nesse momento.

Fui escrevendo isto, no meio de descrições de portas e janelas, tijolos e argamassas... saltando entre janelas. E é também isto que me atrai na net, a inspiração para a escrita, para a reflexão, sozinha ou acompanhada.

E o poder deixar fluir as sensações, poder ser suficientemente louca para falar sério, ou demasiadamente ajuizada para poder brincar, para me poder deixar levar, simplesmente, ao sabor de uma frase, de uma palavra. Buscar as imagens, brincar com elas, adorar escrever, adorar ver o efeito das palavras, em mim e nos outros.

Tens aqui um espelho de mim, nesta altura, neste momento. Espelho fiel nunca será, basta que a inclinação mude para que o que mostre já seja diferente. Vale pelo que vale. Para mim vale essencialmente pelo prazer que me deu.

Um beijo

Amiga

segunda-feira, março 22, 2004

A razão do nome

Eu já tinha falado da razão do nome no blog mas relendo agora acho que a explicação não foi dada convenientemente.

“Puta de Vida” é uma expressão que todos conhecemos e que associamos às coisas más que nos acontecem e contra as quais nos sentimos impotentes. Puta de vida é aquela que nos consegue retirar sistematicamente a esperança, em que os maus momentos estão sempre pairando como uma ameaça. Damos um passo em frente e a vida empurra-nos de volta dois passos. Em que os planos mais simples podem sair gorados por uma quantidade de circunstâncias adversas.

Esta foi a inspiração para o nome do blog, nem tudo tem sido rosas na minha vida, e o último par de anos conseguiram minar muitas coisas que eu tinha tomado como certas, fortes e perenes. Hoje não tenho as mesmas certezas que tinha há alguns anos, a mesma confiança...

Mas isso foi a ideia no momento inicial que rapidamente foi perdida. Não gosto de carpir mágoas, não acho que a solução esteja aí. Prefiro apreciar as coisas bonitas que também me acontecem, apreciar o belo com que me cruzo.. Acho que sou do tipo "que acha que existem sempre outras formas de encarar as situações, existem sempre janelas que se abrem quando as portas estão trancadas". E este blog é uma dessas janelas, cada vez mais ampla, mais aberta, qualquer dia já se tornou uma janela de sacada, só faltando lançar uma escada para se tornar uma porta.

E foi assim, Vizinho, que tudo aconteceu.

domingo, março 21, 2004

Era uma vez ...

Era uma vez um reino distante habitado por sentimentos e sensações.

Havia paixões, amores, amizades, ódios, tristezas, alegrias, havia também orgulhos, preconceitos, avarezas. Viviam separados por castas, as paixões com paixões se davam, os ódios alimentavam outros ódios, as tristezas contagiavam-se mutuamente.

As invejas eram como hienas, sempre dissimuladas na abordagem, ávidas pelo saque mas sem coragem para assumirem a vontade.
Os orgulhos mantinham-se à parte, ignorando completamente os demais.
As desconfianças eram rios tumultuosos que minavam tudo à sua passagem.
Os amores eram quais frágeis flores que necessitavam todo o cuidado para não perderem o viço.
As ignorâncias eram felizes e inocentes, já que nada sabiam nada as perturbava.
As raivas eram como nascentes de águas quentes e sulfurosas.

Este era o reino de Norte, onde as castas viviam isoladas. A Sul existia outro reino, onde os sentimentos se misturavam.

Os amores eram contaminados por dúvidas e desconfianças. Os desalentos eram diluídos pelas alegrias, as saudades mitigadas pelas recordações.

No reino de Norte os dias decorriam sempre iguais, no reino de Sul ninguém conhecia o seu futuro.

(apeteceu-me ser criança e contar uma história que começasse por: ERA UMA VEZ...)

Amor e paixão

Erro simplista e infantil o meu, o de confundir amor e paixão. O de tomar a parte pelo todo.
As paixões são fortes e efémeras, podem ser lavadas facilmente pelas gotas de orvalho da manhã. Ou podem transmutarem-se em amores, mais constantes, calmos e confiáveis.
Uma paixão é uma montanha russa, cheia de adrenalina. Um amor é um carrossel de criança, vai dando as suas voltas muito mais calmamente. As paixões têm a urgência, os amores todo o tempo do mundo.

Mas ás vezes confundimos as definições tentando com isso dar notícia da intensidade com que sentimos. Como se ao dizer paixão, usássemos um superlativo, e estivéssemos a falar de um amor intenso, forte, de um amor apaixonado, que se mantém palpitante. Mas paixão não é um superlativo de amor. Amor e paixão são efectivamente sentimentos diferentes, que em determinada altura podem mesmo coexistir.

sábado, março 20, 2004

Conhecer

Conhecer as pessoas como um livro.
Não ficar só pelas informações da capa, nem se ater aos pequenos resumos e opiniões diversas que colocam nas badanas.
Mas folhear cada página, ler com cuidado tudo o que contam.
Apreciar a forma como os capítulos se sucedem, as histórias que narram, o testemunho das experiências que transmitem.
Apreciar as imagens que nos incendeiam a imaginação.
E ler quantos livros forem colocados ao nosso alcance.
Era isto que eu gostava de fazer sempre, de poder fazer sempre.

quinta-feira, março 18, 2004

P... de vida!

Há algum tempo atrás, para ilustrar este post , fui buscar uma foto de Curtis Neeley .
Ontem o autor da fotografia deixou um comentário no blog, com curiosidade pelo motivo que me teria levado a usar a sua fotografia.

Quando visitei a sua página, só reparei nas belas fotos, o tempo foi curto e nem me fixei na sua biografia. Explicado o motivo, tradução do post enviada, e claro, parabéns dados pela qualidade das fotos, não esperava resposta ao meu e-mail.

Mas recebi … e com isso fiquei a saber que hoje quem tirou aquelas fotos se encontra tremendamente limitado na sua mobilidade e na sua capacidade de executar qualquer tarefa, mercê de um acidente violento que o deixou em coma durante meses.

Imagino que a vida esteja a ser tremendamente difícil, pela limitação a que está sujeito e pelas condicionantes económicas que certamente se colocam na sequência de um acidente tão violento e com tantas sequelas.



Não deixem de visitar o site e apreciar o seu trabalho, desejando que mesmo com as limitações impostas posso continuar a mostrar-nos a sua forma de olhar o mundo.



Que tenhas muita força, Curtis!

quarta-feira, março 17, 2004

A duração de uma paixão!

Foram-me dadas muitas respostas e muitas dúvidas também. Não sei qual é a duração de uma paixão, mas acho que tem razão quem disse, depende da pessoa e do objecto da paixão.
A minha paixão pelo blog ainda não esmoreceu, e já lá vão quase 9 meses, uma gestação inteira. Mas a minha paixão pelo blog está arreigada numa paixão mais antiga, que é a minha paixão pela escrita, a minha paixão por palavras, a minha paixão por ideias e por sentimentos. E essa paixão, posso afirmar com toda a convicção, me irá acompanhar vida fora, quantos anos quantos somar a minha existência e consciência neste mundo. Mesmo que o meu corpo já não responda sei que o meu cérebro vai continuar a escrever histórias como agora faz noite dentro, ou quando estou presa no trânsito, ou no meio de outras coisas que vou fazendo. Vai continuar ensaiando frases que tantas vezes acabam diluídas na memória porque não existe suporte que as cristalize.

A duração de uma paixão pode ser uma vida inteira.

terça-feira, março 16, 2004

Será?

Li num blog, de que não guardei nem o nome nem o link, que a vida de um blog ronda em média os 6 meses.
Será essa a duração de uma paixão?

domingo, março 14, 2004

Transcrições

O Blog do Bidé acha que as coisas mais chatas são as transcrições que proliferam um pouco por todos os blogs, que uns as fazem por



O post deixou-me a pensar. Desde já me confesso culpada, culpada, várias vezes culpada, se não fosse pelo presente post, por todas as outras vezes em que aqui coloquei letras de músicas que eu obviamente nunca escrevi, poemas que muito me dizem mas cujas palavras também não saíram da minha lavra, fotos de sítios que nunca visitei, quadros que nunca pintei. E se quiserem ainda pelas muitas vezes que me transcrevi a mim própria colocando textos já escritos para outros fins, noutros momentos, partes de mim que já deixaram de existir transformadas que foram pela vida.

Porque o faço? Por nenhuma das razões apontadas, mas por uma quinta, que espero julguem válida, o desejo de PARTILHAR. Assumo que terá uma percentagem de ingenuidade da minha parte o meu desejo de partilhar coisas com pessoas que não conheço, que nunca vi, e pensar que as mesmas se possam interessar, mas a verdade é que eu também me interesso pelas muitas partilhas deixadas em outros blogs, uma música que nos deixa em sintonia, um poema que espelha a nossa alma, uma foto que nos toca de uma forma intensa.

Claro que gosto de partilhar o que escrevo, o que sinto, o que penso, o que faço mas também gosto de partilhar as coisas de que gosto. E tantas vezes o que eu gosto diz mais de mim própria e do meu estado de espírito do que todas as palavras que em determinado momento eu pudesse escrever.

E para reassumir a minha culpa de transcritora crónica, aqui fica mais uma em jeito de remate. Ironia das ironias, transcrevo-me a mim própria, por não encontrar quem melhor diga aquilo que estou sentindo.


    “Às vezes, com o meu blog, sinto-me como um DJ, que apenas faz a selecção da música que outros criaram.
    Mas ainda assim, com essas melodias, das quais não tenho nem a honra nem a culpa, estou a tomar uma posição, a passar uma mensagem.
    Afinal é só uma questão de instrumentos…
    Algumas vezes toco letras, umas a seguir às outras, formando palavras que contam do que se passa à minha volta.
    Outras vezes toco frases já escritas, imagens já definidas, e o “eu” está na escolha que faço.” 3-12-2003

Mar

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O mar e o rio

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Estive a ver as ondas do mar, de perfil, na entrada da Barra do Douro, com a Afurada por fundo.
O mar eleva-se e começa a borbulhar como se fervesse e não sei se é do vento, se do ponto de vista, deixa para trás um fumo branco feito de gotículas em suspensão.
Nunca tinha reparado!
Olhado assim, este braço que mar que fecunda o rio, parece fervente de paixão, em pura ebulição.

sábado, março 13, 2004

Tocando Em Frente

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz quem sabe?
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei.
E nada sei.
(…)
Eu vou tocando os dias pela longa estrada
Eu sou...e pela estrada eu vou...
(…)
É preciso chuva para florir.
Todo o mundo ama um dia...todo o mundo chora.
Um dia a gente chega ...o outro vai embora.
Cada um de nós compõe a sua história.
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz....


Almir Sater e Renato Teixeira

sexta-feira, março 12, 2004

Em memória de …

Não percebo como alguém consegue colocar uma bomba para rebentar numa estação cheia de gente.
O que é que pensam quando fazem tal coisa? Em que é que pensam?
Que ligações foram cortadas no seu ser para deixarem de sentir, para deixarem de pensar?
Num cenário de guerra, num conflito acesso, acho que a consciência fica adormecida, acho que a sensibilidade fica entorpecida. Dizem que os fins justificam os meios, embora eu não concorde. Acho que num cenário de guerra, é reacção e não acção.
Mas Madrid não é um cenário de guerra!
Como pode alguém fazer tal coisa e viver a sua vida normalmente nos dias que se seguem? Como podem simplesmente esquecer as vidas que o atentado ceifou?
Uma pessoa, dez pessoas, cem pessoas, um milhar, não é a quantidade que faz a diferença, embora chame mais a atenção. Uma já era UMA demais.
Retaliação por outras guerras ou forma de luta por uma independência que cada vez tem menos razão de ser. Nenhum motivo é motivo.

quarta-feira, março 10, 2004

A Confiança

Ao ler este post (SEM TÍTULO- 3/9/2004) da Didas, lembrei-me de um texto meu. Outras palavras mas, para mim, uma sensação idêntica, um recuar no tempo, um sentir que existe algo mais forte que se nos sobrepõe.
Que tudo se resolva, é o que te desejo.


    A confiança é algo efémero!
    Quando parece que tudo está sob controlo, que finalmente iremos conseguir realizar alguns dos nossos desejos, algo acontece para nos lembrar que somos títeres nas mãos de uma qualquer entidade.
    O destino nunca nos pertenceu, os percursos que fazemos não são vontade nossa, mas uma reacção aos obstáculos que nos vão sendo colocados no caminho.
    O que fazemos, o que queremos, é sempre um resultado condicionado por tudo o que nos acontece.
    Na adolescência pensava poder vir a ser dona do meu destino, no momento em que deixasse de estar dependente dos pais. Foi sonho curto, desfeito ainda no limiar da vida adulta.
    Os sonhos grandiosos de um dia conquistar o mundo, de ser alguém diferente, único, depressa se desvaneceram.
    A vida tem que ser vivida momento a momento. Planos não são possíveis, apenas objectivos em traços largos.
    Mas desistir dos sonhos, nunca!
    Isso é que me dá alento para superar todas as provações.
    Nem sempre o caminho entre dois pontos é uma linha recta, pensando bem, nunca o é. Pode ser uma linha, mais ou menos curva, mais ou menos sinuosa, mas sempre uma curva.
    Mas, se não perdermos o ponto de onde partimos e o ponto onde queremos chegar, o percurso é possível.
    Gosto de pensar que isto é verdade, consola-me, devolve-me um pouco da confiança retirada.

domingo, março 07, 2004

Ser mulher!

Nunca dei grande importância ao dia da mulher, nem à necessidade da existência de um dia que celebrasse as mulheres. A minha ideia de igualdade dizia-me que se não existia um dia que celebrasse o homem porque haveria um dia especialmente dedicado às mulheres. Mesmo a discriminação positiva é uma discriminação porque evidencia o facto de haver necessidade de impor qualquer coisa, quer ela seja uma cota de sexos, de raças, de limitações físicas ou mentais, de crenças…quer ela seja um dia para pensar especialmente em alguém ou em algo.

Com a idade os olhos vão-se abrindo para outras realidades que não só as que me rodeiam, e vou constatando que são necessários símbolos para fazerem as ideias perdurarem e singrarem. Que existem muitas mulheres para quem, mesmo que seja num único dia do ano, um tratamento especial será bem acolhido. Não celebro o dia da mulher mas hoje apetece-me falar dele, apetece-me falar delas, apetece-me falar de nós.

O que é ser mulher neste início do século XXI?

Seguramente coisas muito diferentes para cada uma de nós. Não existe um “Ser Mulher”, mas vários certamente. Cada uma terá os seus trunfos e as suas derrotas a relatar na relação entre sexos. As vitórias de umas serão derrotas para outras, o não ter conseguido passar a mensagem. O homem que ajuda em casa para algumas será a conquista, mas para outras será o homem que ajuda, que não faz, que não toma a seu cargo a responsabilidade de pensar e executar, que só ajuda quando alguém pede ou já está a fazer.

E profissionalmente também temos visões diferentes, sem dúvida. Algumas terão prazer (e a possibilidade) em ficar em casa e apreciar o crescimento dos filhos, outras preferem a emoção de uma ocupação agitada, o contacto com muita gente, desafios, obstáculos a ultrapassar, o prazer da conquista, e há também as que gostam de tudo um pouco e conciliam uma vida em casa com os filhos e uma profissão gerida à distância, ou desenvolvida em casa, ou a tempo parcial. Nem sempre cada uma tem o que prefere, o que teria sido uma opção. Nas oportunidades também não existe igualdade, nem entre sexos nem dentro do mesmo sexo. Vamos gerindo o que nos é dado e o que é conquistado da melhor forma. O que TODAS buscamos, acho que é igual ao que TODOS buscamos, A FELICIDADE, que mais poderia ser! Uma palavra que engloba tudo o que lá quisermos colocar, tanto ou tão pouco.

Para mim ser mulher é ser eu própria, é sentir com força a vida, é fazer o que gosto, como gosto, é assumir que sou diferente e apreciar essa diferença. É dividir-me entre tudo o que gosto, repartir-me pelos muitos objectivos que tenho. É apreciar a sensualidade, a emotividade mas também a razão e a lógica. É gostar de partilhar, de ensinar e de aprender. É apreciar a companhia, mas também os tempos que passo só comigo. Esta é quem eu sou, e sou MULHER.

E vocês quem são?
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Dia Internacional da Mulher – a história.

Sem título

Hoje de tarde resolvi digitalizar alguns desenhos, com muitos muitos anos, feitos no secundário e no primeiro ano da faculdade. A uma conclusão cheguei. Pequeninos, tem melhor aspecto do que na realidade. Perdem as imperfeições, as cores ganham mais brilho. No caso dos desenhos, posso até melhorar o enquadramento, equilibrar melhor a posição dentro da folha.
Deixo aqui um deles para amostra, uma brincadeira com cores.

laranja2.jpg

sexta-feira, março 05, 2004

O prazer da descoberta


    "(...)
    Populações geneticamente homogêneas, que procriem majoritariamente ou exclusivamente entre si, sempre serão muito vulneráveis a infecções e defeitos genéticos.
    (...)
    Quase todos esses vírus de computador que aparecem nas manchetes foram criados para explorar falhas de segurança do Outlook, o programa de email da quase todos os usuários de Internet.
    (...)
    Um vírus bem sucedido é aquele que consegue fazer o seu hospedeiro circular e infectar o máximo de novos hospedeiros. Se o hospedeiro estiver incapacitado ou morto, ele não poderá espalhar o vírus.
    (...)
    Hoje em dia, os vírus estão praticamente inofensivos. Atravancam a rede sim, geram um número gigantesco de mensagens de erro, sim. Mas nunca mais ouvi falar de vírus cometendo danos irreversíveis em um computador.
    (...)
    Não fosse o monopólio da Microsoft e do Outlook, nada disso estaria acontecendo."


Não deixe de ler o texto aqui.

quinta-feira, março 04, 2004

Nós por cá …

Mariana

Já faz tempo que não te escrevo … Já faz tempo que não passo para o papel as longas cartas que te escrevo mentalmente.
Porquê? Porque acho que não posso começar da maneira habitual, como já te deste conta.

“Como estás tu? Nós, por cá, todos bem!”

A segunda frase já deixou de fazer sentido há algum tempo, já nem recordo o dia em que ela fez sentido pela última vez.

“Nós, por cá, todos bem!”

Nós continuamos por cá, mas a distância da minha terra, do meu sol, das minhas alegrias, pesa-me cada vez mais.
Parece que esta noite interminável me escurece também a alma, parece que a temperatura gélida, gela mais do que o meu corpo.
Sinto-me perdida e sem ninguém com quem falar, sem ninguém com quem ter aquelas conversas loucas, noite fora, como costumávamos fazer em casa da tua avó.
Nunca pensei que a barreira da língua pudesse ter um peso tão grande. Eu falo, eu escuto, mas falta-me a eloquência da língua materna, daquela cujos sons nos acompanham desde o ventre da nossa mãe.
Sinto saudades de brincar com as palavras, dos trocadilhos marotos que me conheces. Faço-os agora solitariamente, sem público, sem retorno. Sinto a solidão das palavras que se perdem lentamente, sem ninguém que as escute.

“Nós, por cá …”

Cada vez, somos menos nós e mais, eu e ele. Cada vez mais, menos temos em comum, não os interesses, que esses não mudaram, mas o tempo de os apreciar, o tempo de fazer coisas em conjunto, de rir da loucura do outro.
Somos duas sinusoidais desfasadas e de frequências diferentes. Ocasionalmente encontramo-nos, cruzamo-nos, mas a maior parte do tempo sabemos apenas que o outro existe.
Porque deixei a minha vida chegar a tal ponto? Porque estava distraída, preocupada com pequenos detalhes e não conseguia enxergar a totalidade. Porque achava que tudo estava seguro, que a argamassa era forte e que a casa nunca desabaria. E a argamassa era forte, sim, mas os tijolos eram fracos e foram-se tornando em pó, deixando unicamente um rendilhado do que outrora foram as suas juntas.
Sinto a tua falta, a forma como sempre conseguiste fundir-te connosco, aproximando tudo e todos ainda mais.

“…por cá…”

Temos por cá belas auroras boreais, salmão de óptima qualidade, frio que dispensa frigoríficos, belos homens louros de cativantes olhos claros! Temos por cá paisagens de beleza tão pura que até dói a vista, que até fere a alma.

“Nós…”

Faz-me uma visita, só assim o “nós, por cá” fará sentido de novo. Preciso de ti, preciso do teu abraço, preciso da tua amizade, da tua companhia, do teu calor para derreter estas neves eternas que teimam em cair em avalanche sobre a minha alma.
Da tua amiga que nesta altura te quer mais do que a ela própria.

Madalena

quarta-feira, março 03, 2004

Fernão Capelo Gaivota

gaivota2.jpg

(E.de Araujoh.)
Como surgiu a inspiração para escrever o livro "Fernão Capelo Gaivota"?

(R.Bach)
Temos muitos níveis dentro de nós.
Esta história foi me dada por um desses níveis.
Cada um tem uma história para contar.
Eu estava procurando quem eu era e a história apareceu para mim como um filme diante de meus olhos. Eu vi o filme brilhante e escrevi tão rápido quanto pude, mas num determinado momento o filme parou e uma parede estava em minha frente.
Foi como este nível tentasse dizer que eu não estava inventando esta história, que esta história não era minha.
Ela estava sendo dada para mim por alguém. É como se eu ouvisse: "Se você acredita que você está inventando esta história tente terminá-la." Eu não podia, eu não conseguia terminar.
Oito anos depois, muito longe de onde eu estava quando a história foi me dada pela primeira vez, às 5 horas da manhã eu acordei. Havia tido um sonho que era o final desta história. Acordei, fui até a máquina de escrever e escrevi o final e pensei: "Isto é o que acontece! Este é o final da história!".
Tive de encontrar este presente sozinho (o final da história) para depois poder compartilhar com outras pessoas, com outras gaivotas.

http://www.conscienciacosmica.com.br/richardbach.htm

Os livros

"Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a humidade, os animais, o tempo e o seu próprio conteúdo."
Paul Valéry

terça-feira, março 02, 2004

Depressão

Sentem que um dia é igual ao outro,
que nada existe que os faça ansiar que o tempo passe,
é a monotonia completa e absoluta.
Um descer os braços,
o olhar que não tem vida ...
O quão pouco gostam de si,
daquilo que fazem,
com quem convivem.
é uma vida sem emoção,
uma vida sem sedução,
uma vida de sentidos adormecidos,
de sentimentos encurralados,
Uma vida feita de páginas de calendário,
de projectos adiados,
de planos esquecidos.


(inspirado aqui)

2d em 3d

O Vmar descobriu um site espantoso.
Duas das minhas paixões de longa data, juntinhas. Duas coisas que eu adorava mesmo quando nem sabia direito o que eram. Estou a falar de Legos e de Escher.

lego_ascending.jpg e-ascending.jpg

domingo, fevereiro 29, 2004

Pedido para a "Abraço"



A "Abraço" recebeu 30 meninos com HIV.
Para este projecto (trinta crianças a cargo) está a necessitar de :

- roupa para rapariga (qualquer idade)
- roupa para rapaz dos 6 aos 14 anos .

Se quiserem colaborar contactem sff :

Maria José Magalhães 213 974 298 (Associação "Abraço")

Se não puderem ajudar pelo menos passem a informação, por favor.


Recebi esta mensagem por e-mail, espero que seja verdadeira, (pelo menos o numero de telefone era o correcto) e que possam ajudar.

Outros Meios de Contacto:
Tv. do Noronha, 5, 3º Dto. e 4º Esq. 1250-169 Lisboa
tel: (+351) 21 397 42 98 - fax: (+351) 21 395 79 21 e 21 397 73 57
email: abraco@netcabo.pt - http://www.abraco.org/

E mais um jogo

jogo.jpg

sábado, fevereiro 28, 2004

Gato escondido com rabo ...

Imagina-te com 16 anos, apanhaste os pais fora de casa e deste uma "wild party" lá no quarto. Agora os teus pais estão quase a chegar... e não podes deixar vestígios visíveis.
ESCONDE AS PROVAS, RÁPIDO!

provas.jpg

Young But Growing

The trees they do grow high
The leaves they do grow green
Many's the time my love I have seen
Many the hour I watched him on the go
He's young but he's daily growing

Father, dear father
You've done to me great wrong
You've married me to a boy who is too young
I'm twice twelve and he is but fourteen
He's young but he's daily growing

Daughter, dear daughter
I've done to you no wrong
I've married you to a rich man's son
He'll make a Lord for you to wed to borne
He's young but he's daily growing

Oh father, dear father
Ifin you besee-ee fit
I'll send him to college for one year yet
I'll tie blue ribbons all around his head
To let the maidens know that he's married

One day while I was walking
On my father's castle wall
I saw the boys, they were playin' with the ball
My own true love was the flower of them all
He's young but he's daily growing

At the age of fifteen
He was a married man
The age of sixteen, a father of a son
The age of seventeen, the grass grew over him
Grew that soon put an end to his growing

The trees they do grow high
The leaves they do grow green
Many's the time my love I have seen
Many the hour I watched him all alone
He's young but he's daily growing

Donovan

Imaginem a música cantada numa pronúncia carregada de “rrrr”

The trrrrees they do grrrrow high
The leaves they do grrrrrow grrrrreen
...

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Bibó Porto!!!!!

Eu não percebo de futebol, mas percebo um pouco de vitórias e derrotas!
E hoje .... vencemos!

GOOOOLOOOO!!!!

Ouvi eu a gritar, os meus vizinhos, em uníssono, nem parece haver paredes a separar-nos.

GOOOOLOOOO!!!!
GOOOOLOOOO!!!!
GOOOOOOLOOOOOO!!!!

terça-feira, fevereiro 24, 2004

As portas

A vida é mesmo uma sequência de salas, uma sequência de portas.
Cada dia uma sala, com algumas portas.
E nós vamos percorrendo, sala após sala, sabendo que cada sala a que acedemos é condicionada por todas as outras por onde já passamos.
Vamos desenhando um percurso no labirinto da vida.
E algumas vezes chegamos à conclusão que a porta que abrimos não nos reservava o que pretendíamos, outras vezes surge mesmo arrependimento pela escolha.
Voltar atrás, fazer o percurso inverso, desfazer o caminho já trilhado, não é fácil, porque as salas já percorridas, vistas de outro ângulo são diferentes.
E nós deixamos de conseguir identificar as portas por onde passamos.
Mas ficar parada no meio da sala, não abrir portas, não fazer escolhas, não arriscar, não experimentar não é solução.
Ficar parada no meio da sala é não viver, é apenas deixar o tempo passar.

A sensação que tenho da minha vida há um tempo atrás é que eu me tinha deixado adormecer numa dessas salas, tinha estagnado.
Acordar significou tomar decisões, fazer escolhas, experimentar emoções.
Significou também sofrer.
Mas não voltava atrás, não trocava o que consegui pela anulação do sofrimento sentido.

Maneli e Maria

Maria, no leito de morte, decidiu confidenciar ao Manel:
- Maneli, sabes qu' o nosso filho mais velho ná é tê filho?
Manel, muito tranquilo responde:
- Maria isso na m' importa...
Maria, muito intrigada com toda a calma do Maneli, indaga-lhe:
- Tás ouvindo Maneli? Vê s'intendes! Tou dizendo qu'o filho ná é teu. Ó home de Deus...
Manel responde:
- ... Tabê, ê entendi.
- Ai Jesus. Por que raio atão ná tas azoado e ficas tao tranquilo?
Manel responde:
- ...Pois... sabes ó Maria, qu'o nosso filho mais novo ná é tê filho?
Maria rebate:
- Como ná é mê filho, home de Deus? S'eu carreguê o infeliz na barriga nove mesis?
- Maria, alembras-te qu'ando tavas na maternidade e pediste p'ra trocar o gaiato porque tava todo cagado? Pois atão eu troqui por um limpinho que tava ao lado... honestamente"!

(estava a fazer limpezas aos mails antigos e caí neste, se calhar já conhecem, mas eu não deixo de lhe achar graça)

Escher


Uma mão lava a ou outra, perdão, uma mão desenha a outra!

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

De repente…

De repente apeteceu-me ouvir músicas antigas, não sei quais, só sei que me apetece regredir no tempo e buscar sensações de tempos já esquecidos, de dias intensos, de melodias cheias de fascínio.

E por fim … A Carta

(Anteriores IIIIII)

IV
Passei os últimos 3 dias num descanso a que me forcei. Forçada, não porque o descanso não me agradasse, mas porque a mente livre facilmente se enche de pensamentos, de recordações, de saudades, e era disso que eu gostaria de fugir. Refugiei-me nos livros. Peguei num dos livros que andava perdido na mala do carro e retomei a sua leitura. Já quase não recordava as poucas linhas já lidas, pelo que preferi começar do início, novamente.

“Um Rio Chamado Tempo, uma Casa chamada Terra”, assim se chamava o livro de Mia Couto.
O título sempre me tinha seduzido, era daquelas expressões que poderiam ter saído da minha cabeça, tivera havido inspiração para tanto, tal era a forma como me identificava com o mesmo. Entre um capítulo e o outro ainda me perdia facilmente em pensamentos, recordações próximas e distantes.

A saudade é uma ferrugem, raspa-se e por baixo, onde acreditamos limpar, estamos semeando nova ferrugem” (Mia Couto). Li e não pude deixar de concordar.

Depois de ter deixado a colina e de novo me ter feito à estrada procurava sitio onde jantar, que a viagem fora longa e eu não tinha comido nada desde o almoço simples na área de serviço da Auto-estrada, já lá iam umas boas horas. As esperanças eram poucas porque parecia que me encontrava perdida em terras desertas de gentes. Vi uma tabuleta castanha, daquelas que identificam o turismo rural e resolvi arriscar, ainda que a mesma marcasse 15 km de desvio. Revelou-se uma boa decisão, a casa de pedra de granito solta cativava, e felizmente ainda tinham quartos vagos. E jantar, indaguei eu. Geralmente só com reserva prévia, que a cozinheira vinha de fora, mas tinha sorte, hoje ela estava lá, e como era só eu, alguma coisa se deveria poder arranjar.

Fiquei alojada numa pequena casa de pedra, encravada na encosta a meia cota entre a casa grande e o rio, recuperada do que fora, provavelmente, um abrigo de pastor. O acesso era íngreme, de tal forma que duvidei que o meu carro aguentasse a inclinação. Podia ter ficado na casa grande, mas o pitoresco do abrigo cativou-me, isso, e o isolamento. Com todas as luzes apagadas, sem cidades próximas que contaminassem o céu, o brilho das estrelas era mais forte do que nunca, as constelações mais nítidas, tivesse eu conhecimentos para as identificar. Pelas ursas me ficava, uma maior e outra menor, como toda a gente sabe.

Sem televisão, sem rádio, por companhia unicamente os livros que comigo sempre andam. O serão foi longo e de leitura, e a noite de sonhos agitados, confundindo a minha vida com as vidas narradas no livro. O papel das cartas do livro e o da tua carta misturavam-se, fundiam-se, e assim acordei, de madrugada ainda, sentindo que era imperativo saber o que havias escrito, porque lá estariam as revelações que me iriam guiar neste ritual que me cabia a mim dirigir. Não consegui conciliar o sono, senti a humidade que antecede o amanhecer, vi o sol nascendo sobre os montes, os raios que brincam na cortina de árvores, as longas sombras que riscam o solo e a cor dourada e quente que a pedra adquire, quase parecendo que o fogo a lambe, delicadamente.

Com o dia avançando, a sensação de urgência perdeu a sua força, mas não se extinguiu. Voltar a casa para levantar a carta era assumir claramente a derrota e o meu orgulho não me permitia. Fazer a carta vir até mim, isso sim, seria uma solução de compromisso.

Peço informações, sobre qual a estação de correios mais próxima, 30 km mas se quisesse eles colocariam a carta no correio, não era isso, necessitava de um reencaminhamento de correspondência, isso ainda seria mais simples, podiam fazer o seu pedido por fax, e quando fossem à cidade, se lhe desse o postal assinado, elas tratariam de a levantar, não lhes custava nada.

Os últimos três dias passei-os, assim, esperando a carta e descansando. Agora que tenho a carta bem à minha frente, já não sei se tenho coragem de a abrir. Opto por primeiro terminar a leitura do livro, buscando inspiração, buscando paralelismos, mas não resisto à curiosidade e pego na carta.


    “Minha querida

    Sei que nunca me irás perdoar o que te fiz, nem nestas linhas busco o perdão, não teria coragem de sequer o imaginar. Quero unicamente dar uma explicação, a ti e a mim mesmo.

    Quando te conheci tinha a minha vida já traçada, planos delineados há muito tempo com prazos de concretização já estabelecidos. O tempo que passamos juntos foi intenso, mas não o suficiente para questionar tudo, para traçar novos percursos. Como tu sempre referiste, eu nunca me entregava integralmente, nunca perdia o controlo, fui assim contigo, fui assim com outras, sou assim com a vida, sou assim. Os meus objectivos sempre em primeiro lugar.

    Podia ter-te pedido para continuares comigo, apesar do meu compromisso e quase sei que acabarias aceitando, mas gosto demasiado de ti para tal. Gosto demasiado de ti para te desejar uma vida meia vivida, feitas de encontros a meio da tarde, ou fugas para um lanche tardio. Gosto demasiado de mim, também, para me submeter a uma vida dupla. Sei que sou egoísta, falso, mentiroso, um cão (aqui tive ajuda na definição, não teria chegado lá sozinho, mas estas foram as palavras da última namorada quando me largou). Sei que caio repetidas vezes no mesmo erro, que abandono os propósitos estabelecidos à primeira dificuldade, por isso te escrevo esta carta.

    Se me vires na rua não me cumprimentes, ignora-me.
    Se te estender a mão, coloca lá uma moeda e segue em frente.
    Se te aparecer à porta, não a abras. Se tiveres cão, solta-o.
    Se eu te disser que estou arrependido, não me acredites.
    Se te disser que estou só, é porque o mereço, não tenhas pena.
    Esquece-me para assim esqueceres o quanto abusei da tua confiança, o quanto sei que te magoei.

    Certamente esperavas coisa diferente desta carta, uma desculpa que justificasse o engano, mas não tenho imaginação que invente desculpas e minimize ressentimentos.
    Que sejas muito feliz, é o que mais desejo, talvez assim se diminua a minha culpa.”



Aqui estava a carta, não era um pedido de desculpa como primeiro fantasiei, nem mesmo uma justificação. Mesmo o desejo final continua a ser egoísta, tu em primeiro lugar. Tens razão, toda a razão, se te vir na rua não te cumprimento, provavelmente nem te reconheço.

Pego no livro e esqueço a carta. Afinal a minha dor tinha ficado no cimo daquela colina, como eu me tinha convencido. Agora tinha que encher a alma com outras histórias até ter coragem para voltar a viver a minha vida, para perseguir de novo os meus sonhos.