domingo, fevereiro 29, 2004
Pedido para a "Abraço"
A "Abraço" recebeu 30 meninos com HIV.
Para este projecto (trinta crianças a cargo) está a necessitar de :
- roupa para rapariga (qualquer idade)
- roupa para rapaz dos 6 aos 14 anos .
Se quiserem colaborar contactem sff :
Maria José Magalhães 213 974 298 (Associação "Abraço")
Se não puderem ajudar pelo menos passem a informação, por favor.
Recebi esta mensagem por e-mail, espero que seja verdadeira, (pelo menos o numero de telefone era o correcto) e que possam ajudar.
Outros Meios de Contacto:
Tv. do Noronha, 5, 3º Dto. e 4º Esq. 1250-169 Lisboa
tel: (+351) 21 397 42 98 - fax: (+351) 21 395 79 21 e 21 397 73 57
email: abraco@netcabo.pt - http://www.abraco.org/
sábado, fevereiro 28, 2004
Gato escondido com rabo ...
Young But Growing
The trees they do grow high
The leaves they do grow green
Many's the time my love I have seen
Many the hour I watched him on the go
He's young but he's daily growing
Father, dear father
You've done to me great wrong
You've married me to a boy who is too young
I'm twice twelve and he is but fourteen
He's young but he's daily growing
Daughter, dear daughter
I've done to you no wrong
I've married you to a rich man's son
He'll make a Lord for you to wed to borne
He's young but he's daily growing
Oh father, dear father
Ifin you besee-ee fit
I'll send him to college for one year yet
I'll tie blue ribbons all around his head
To let the maidens know that he's married
One day while I was walking
On my father's castle wall
I saw the boys, they were playin' with the ball
My own true love was the flower of them all
He's young but he's daily growing
At the age of fifteen
He was a married man
The age of sixteen, a father of a son
The age of seventeen, the grass grew over him
Grew that soon put an end to his growing
The trees they do grow high
The leaves they do grow green
Many's the time my love I have seen
Many the hour I watched him all alone
He's young but he's daily growing
Donovan
Imaginem a música cantada numa pronúncia carregada de “rrrr”
The trrrrees they do grrrrow high
The leaves they do grrrrrow grrrrreen
...
The leaves they do grow green
Many's the time my love I have seen
Many the hour I watched him on the go
He's young but he's daily growing
Father, dear father
You've done to me great wrong
You've married me to a boy who is too young
I'm twice twelve and he is but fourteen
He's young but he's daily growing
Daughter, dear daughter
I've done to you no wrong
I've married you to a rich man's son
He'll make a Lord for you to wed to borne
He's young but he's daily growing
Oh father, dear father
Ifin you besee-ee fit
I'll send him to college for one year yet
I'll tie blue ribbons all around his head
To let the maidens know that he's married
One day while I was walking
On my father's castle wall
I saw the boys, they were playin' with the ball
My own true love was the flower of them all
He's young but he's daily growing
At the age of fifteen
He was a married man
The age of sixteen, a father of a son
The age of seventeen, the grass grew over him
Grew that soon put an end to his growing
The trees they do grow high
The leaves they do grow green
Many's the time my love I have seen
Many the hour I watched him all alone
He's young but he's daily growing
Donovan
Imaginem a música cantada numa pronúncia carregada de “rrrr”
The trrrrees they do grrrrow high
The leaves they do grrrrrow grrrrreen
...
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
Bibó Porto!!!!!
Eu não percebo de futebol, mas percebo um pouco de vitórias e derrotas!
E hoje .... vencemos!
E hoje .... vencemos!
GOOOOLOOOO!!!!
Ouvi eu a gritar, os meus vizinhos, em uníssono, nem parece haver paredes a separar-nos.
GOOOOLOOOO!!!!
GOOOOLOOOO!!!!
GOOOOOOLOOOOOO!!!!
GOOOOLOOOO!!!!
GOOOOLOOOO!!!!
GOOOOOOLOOOOOO!!!!
terça-feira, fevereiro 24, 2004
As portas
A vida é mesmo uma sequência de salas, uma sequência de portas.
Cada dia uma sala, com algumas portas.
E nós vamos percorrendo, sala após sala, sabendo que cada sala a que acedemos é condicionada por todas as outras por onde já passamos.
Vamos desenhando um percurso no labirinto da vida.
E algumas vezes chegamos à conclusão que a porta que abrimos não nos reservava o que pretendíamos, outras vezes surge mesmo arrependimento pela escolha.
Voltar atrás, fazer o percurso inverso, desfazer o caminho já trilhado, não é fácil, porque as salas já percorridas, vistas de outro ângulo são diferentes.
E nós deixamos de conseguir identificar as portas por onde passamos.
Mas ficar parada no meio da sala, não abrir portas, não fazer escolhas, não arriscar, não experimentar não é solução.
Ficar parada no meio da sala é não viver, é apenas deixar o tempo passar.
A sensação que tenho da minha vida há um tempo atrás é que eu me tinha deixado adormecer numa dessas salas, tinha estagnado.
Acordar significou tomar decisões, fazer escolhas, experimentar emoções.
Significou também sofrer.
Mas não voltava atrás, não trocava o que consegui pela anulação do sofrimento sentido.
Cada dia uma sala, com algumas portas.
E nós vamos percorrendo, sala após sala, sabendo que cada sala a que acedemos é condicionada por todas as outras por onde já passamos.
Vamos desenhando um percurso no labirinto da vida.
E algumas vezes chegamos à conclusão que a porta que abrimos não nos reservava o que pretendíamos, outras vezes surge mesmo arrependimento pela escolha.
Voltar atrás, fazer o percurso inverso, desfazer o caminho já trilhado, não é fácil, porque as salas já percorridas, vistas de outro ângulo são diferentes.
E nós deixamos de conseguir identificar as portas por onde passamos.
Mas ficar parada no meio da sala, não abrir portas, não fazer escolhas, não arriscar, não experimentar não é solução.
Ficar parada no meio da sala é não viver, é apenas deixar o tempo passar.
A sensação que tenho da minha vida há um tempo atrás é que eu me tinha deixado adormecer numa dessas salas, tinha estagnado.
Acordar significou tomar decisões, fazer escolhas, experimentar emoções.
Significou também sofrer.
Mas não voltava atrás, não trocava o que consegui pela anulação do sofrimento sentido.
Maneli e Maria
Maria, no leito de morte, decidiu confidenciar ao Manel:
- Maneli, sabes qu' o nosso filho mais velho ná é tê filho?
Manel, muito tranquilo responde:
- Maria isso na m' importa...
Maria, muito intrigada com toda a calma do Maneli, indaga-lhe:
- Tás ouvindo Maneli? Vê s'intendes! Tou dizendo qu'o filho ná é teu. Ó home de Deus...
Manel responde:
- ... Tabê, ê entendi.
- Ai Jesus. Por que raio atão ná tas azoado e ficas tao tranquilo?
Manel responde:
- ...Pois... sabes ó Maria, qu'o nosso filho mais novo ná é tê filho?
Maria rebate:
- Como ná é mê filho, home de Deus? S'eu carreguê o infeliz na barriga nove mesis?
- Maria, alembras-te qu'ando tavas na maternidade e pediste p'ra trocar o gaiato porque tava todo cagado? Pois atão eu troqui por um limpinho que tava ao lado... honestamente"!
(estava a fazer limpezas aos mails antigos e caí neste, se calhar já conhecem, mas eu não deixo de lhe achar graça)
- Maneli, sabes qu' o nosso filho mais velho ná é tê filho?
Manel, muito tranquilo responde:
- Maria isso na m' importa...
Maria, muito intrigada com toda a calma do Maneli, indaga-lhe:
- Tás ouvindo Maneli? Vê s'intendes! Tou dizendo qu'o filho ná é teu. Ó home de Deus...
Manel responde:
- ... Tabê, ê entendi.
- Ai Jesus. Por que raio atão ná tas azoado e ficas tao tranquilo?
Manel responde:
- ...Pois... sabes ó Maria, qu'o nosso filho mais novo ná é tê filho?
Maria rebate:
- Como ná é mê filho, home de Deus? S'eu carreguê o infeliz na barriga nove mesis?
- Maria, alembras-te qu'ando tavas na maternidade e pediste p'ra trocar o gaiato porque tava todo cagado? Pois atão eu troqui por um limpinho que tava ao lado... honestamente"!
(estava a fazer limpezas aos mails antigos e caí neste, se calhar já conhecem, mas eu não deixo de lhe achar graça)
segunda-feira, fevereiro 23, 2004
De repente…
De repente apeteceu-me ouvir músicas antigas, não sei quais, só sei que me apetece regredir no tempo e buscar sensações de tempos já esquecidos, de dias intensos, de melodias cheias de fascínio.
E por fim … A Carta
(Anteriores I – II – III)
IV
Passei os últimos 3 dias num descanso a que me forcei. Forçada, não porque o descanso não me agradasse, mas porque a mente livre facilmente se enche de pensamentos, de recordações, de saudades, e era disso que eu gostaria de fugir. Refugiei-me nos livros. Peguei num dos livros que andava perdido na mala do carro e retomei a sua leitura. Já quase não recordava as poucas linhas já lidas, pelo que preferi começar do início, novamente.
“Um Rio Chamado Tempo, uma Casa chamada Terra”, assim se chamava o livro de Mia Couto.
O título sempre me tinha seduzido, era daquelas expressões que poderiam ter saído da minha cabeça, tivera havido inspiração para tanto, tal era a forma como me identificava com o mesmo. Entre um capítulo e o outro ainda me perdia facilmente em pensamentos, recordações próximas e distantes.
“A saudade é uma ferrugem, raspa-se e por baixo, onde acreditamos limpar, estamos semeando nova ferrugem” (Mia Couto). Li e não pude deixar de concordar.
Depois de ter deixado a colina e de novo me ter feito à estrada procurava sitio onde jantar, que a viagem fora longa e eu não tinha comido nada desde o almoço simples na área de serviço da Auto-estrada, já lá iam umas boas horas. As esperanças eram poucas porque parecia que me encontrava perdida em terras desertas de gentes. Vi uma tabuleta castanha, daquelas que identificam o turismo rural e resolvi arriscar, ainda que a mesma marcasse 15 km de desvio. Revelou-se uma boa decisão, a casa de pedra de granito solta cativava, e felizmente ainda tinham quartos vagos. E jantar, indaguei eu. Geralmente só com reserva prévia, que a cozinheira vinha de fora, mas tinha sorte, hoje ela estava lá, e como era só eu, alguma coisa se deveria poder arranjar.
Fiquei alojada numa pequena casa de pedra, encravada na encosta a meia cota entre a casa grande e o rio, recuperada do que fora, provavelmente, um abrigo de pastor. O acesso era íngreme, de tal forma que duvidei que o meu carro aguentasse a inclinação. Podia ter ficado na casa grande, mas o pitoresco do abrigo cativou-me, isso, e o isolamento. Com todas as luzes apagadas, sem cidades próximas que contaminassem o céu, o brilho das estrelas era mais forte do que nunca, as constelações mais nítidas, tivesse eu conhecimentos para as identificar. Pelas ursas me ficava, uma maior e outra menor, como toda a gente sabe.
Sem televisão, sem rádio, por companhia unicamente os livros que comigo sempre andam. O serão foi longo e de leitura, e a noite de sonhos agitados, confundindo a minha vida com as vidas narradas no livro. O papel das cartas do livro e o da tua carta misturavam-se, fundiam-se, e assim acordei, de madrugada ainda, sentindo que era imperativo saber o que havias escrito, porque lá estariam as revelações que me iriam guiar neste ritual que me cabia a mim dirigir. Não consegui conciliar o sono, senti a humidade que antecede o amanhecer, vi o sol nascendo sobre os montes, os raios que brincam na cortina de árvores, as longas sombras que riscam o solo e a cor dourada e quente que a pedra adquire, quase parecendo que o fogo a lambe, delicadamente.
Com o dia avançando, a sensação de urgência perdeu a sua força, mas não se extinguiu. Voltar a casa para levantar a carta era assumir claramente a derrota e o meu orgulho não me permitia. Fazer a carta vir até mim, isso sim, seria uma solução de compromisso.
Peço informações, sobre qual a estação de correios mais próxima, 30 km mas se quisesse eles colocariam a carta no correio, não era isso, necessitava de um reencaminhamento de correspondência, isso ainda seria mais simples, podiam fazer o seu pedido por fax, e quando fossem à cidade, se lhe desse o postal assinado, elas tratariam de a levantar, não lhes custava nada.
Os últimos três dias passei-os, assim, esperando a carta e descansando. Agora que tenho a carta bem à minha frente, já não sei se tenho coragem de a abrir. Opto por primeiro terminar a leitura do livro, buscando inspiração, buscando paralelismos, mas não resisto à curiosidade e pego na carta.
Aqui estava a carta, não era um pedido de desculpa como primeiro fantasiei, nem mesmo uma justificação. Mesmo o desejo final continua a ser egoísta, tu em primeiro lugar. Tens razão, toda a razão, se te vir na rua não te cumprimento, provavelmente nem te reconheço.
Pego no livro e esqueço a carta. Afinal a minha dor tinha ficado no cimo daquela colina, como eu me tinha convencido. Agora tinha que encher a alma com outras histórias até ter coragem para voltar a viver a minha vida, para perseguir de novo os meus sonhos.
IV
Passei os últimos 3 dias num descanso a que me forcei. Forçada, não porque o descanso não me agradasse, mas porque a mente livre facilmente se enche de pensamentos, de recordações, de saudades, e era disso que eu gostaria de fugir. Refugiei-me nos livros. Peguei num dos livros que andava perdido na mala do carro e retomei a sua leitura. Já quase não recordava as poucas linhas já lidas, pelo que preferi começar do início, novamente.
“Um Rio Chamado Tempo, uma Casa chamada Terra”, assim se chamava o livro de Mia Couto.
O título sempre me tinha seduzido, era daquelas expressões que poderiam ter saído da minha cabeça, tivera havido inspiração para tanto, tal era a forma como me identificava com o mesmo. Entre um capítulo e o outro ainda me perdia facilmente em pensamentos, recordações próximas e distantes.
“A saudade é uma ferrugem, raspa-se e por baixo, onde acreditamos limpar, estamos semeando nova ferrugem” (Mia Couto). Li e não pude deixar de concordar.
Depois de ter deixado a colina e de novo me ter feito à estrada procurava sitio onde jantar, que a viagem fora longa e eu não tinha comido nada desde o almoço simples na área de serviço da Auto-estrada, já lá iam umas boas horas. As esperanças eram poucas porque parecia que me encontrava perdida em terras desertas de gentes. Vi uma tabuleta castanha, daquelas que identificam o turismo rural e resolvi arriscar, ainda que a mesma marcasse 15 km de desvio. Revelou-se uma boa decisão, a casa de pedra de granito solta cativava, e felizmente ainda tinham quartos vagos. E jantar, indaguei eu. Geralmente só com reserva prévia, que a cozinheira vinha de fora, mas tinha sorte, hoje ela estava lá, e como era só eu, alguma coisa se deveria poder arranjar.
Fiquei alojada numa pequena casa de pedra, encravada na encosta a meia cota entre a casa grande e o rio, recuperada do que fora, provavelmente, um abrigo de pastor. O acesso era íngreme, de tal forma que duvidei que o meu carro aguentasse a inclinação. Podia ter ficado na casa grande, mas o pitoresco do abrigo cativou-me, isso, e o isolamento. Com todas as luzes apagadas, sem cidades próximas que contaminassem o céu, o brilho das estrelas era mais forte do que nunca, as constelações mais nítidas, tivesse eu conhecimentos para as identificar. Pelas ursas me ficava, uma maior e outra menor, como toda a gente sabe.
Sem televisão, sem rádio, por companhia unicamente os livros que comigo sempre andam. O serão foi longo e de leitura, e a noite de sonhos agitados, confundindo a minha vida com as vidas narradas no livro. O papel das cartas do livro e o da tua carta misturavam-se, fundiam-se, e assim acordei, de madrugada ainda, sentindo que era imperativo saber o que havias escrito, porque lá estariam as revelações que me iriam guiar neste ritual que me cabia a mim dirigir. Não consegui conciliar o sono, senti a humidade que antecede o amanhecer, vi o sol nascendo sobre os montes, os raios que brincam na cortina de árvores, as longas sombras que riscam o solo e a cor dourada e quente que a pedra adquire, quase parecendo que o fogo a lambe, delicadamente.
Com o dia avançando, a sensação de urgência perdeu a sua força, mas não se extinguiu. Voltar a casa para levantar a carta era assumir claramente a derrota e o meu orgulho não me permitia. Fazer a carta vir até mim, isso sim, seria uma solução de compromisso.
Peço informações, sobre qual a estação de correios mais próxima, 30 km mas se quisesse eles colocariam a carta no correio, não era isso, necessitava de um reencaminhamento de correspondência, isso ainda seria mais simples, podiam fazer o seu pedido por fax, e quando fossem à cidade, se lhe desse o postal assinado, elas tratariam de a levantar, não lhes custava nada.
Os últimos três dias passei-os, assim, esperando a carta e descansando. Agora que tenho a carta bem à minha frente, já não sei se tenho coragem de a abrir. Opto por primeiro terminar a leitura do livro, buscando inspiração, buscando paralelismos, mas não resisto à curiosidade e pego na carta.
“Minha querida
Sei que nunca me irás perdoar o que te fiz, nem nestas linhas busco o perdão, não teria coragem de sequer o imaginar. Quero unicamente dar uma explicação, a ti e a mim mesmo.
Quando te conheci tinha a minha vida já traçada, planos delineados há muito tempo com prazos de concretização já estabelecidos. O tempo que passamos juntos foi intenso, mas não o suficiente para questionar tudo, para traçar novos percursos. Como tu sempre referiste, eu nunca me entregava integralmente, nunca perdia o controlo, fui assim contigo, fui assim com outras, sou assim com a vida, sou assim. Os meus objectivos sempre em primeiro lugar.
Podia ter-te pedido para continuares comigo, apesar do meu compromisso e quase sei que acabarias aceitando, mas gosto demasiado de ti para tal. Gosto demasiado de ti para te desejar uma vida meia vivida, feitas de encontros a meio da tarde, ou fugas para um lanche tardio. Gosto demasiado de mim, também, para me submeter a uma vida dupla. Sei que sou egoísta, falso, mentiroso, um cão (aqui tive ajuda na definição, não teria chegado lá sozinho, mas estas foram as palavras da última namorada quando me largou). Sei que caio repetidas vezes no mesmo erro, que abandono os propósitos estabelecidos à primeira dificuldade, por isso te escrevo esta carta.
Se me vires na rua não me cumprimentes, ignora-me.
Se te estender a mão, coloca lá uma moeda e segue em frente.
Se te aparecer à porta, não a abras. Se tiveres cão, solta-o.
Se eu te disser que estou arrependido, não me acredites.
Se te disser que estou só, é porque o mereço, não tenhas pena.
Esquece-me para assim esqueceres o quanto abusei da tua confiança, o quanto sei que te magoei.
Certamente esperavas coisa diferente desta carta, uma desculpa que justificasse o engano, mas não tenho imaginação que invente desculpas e minimize ressentimentos.
Que sejas muito feliz, é o que mais desejo, talvez assim se diminua a minha culpa.”
Aqui estava a carta, não era um pedido de desculpa como primeiro fantasiei, nem mesmo uma justificação. Mesmo o desejo final continua a ser egoísta, tu em primeiro lugar. Tens razão, toda a razão, se te vir na rua não te cumprimento, provavelmente nem te reconheço.
Pego no livro e esqueço a carta. Afinal a minha dor tinha ficado no cimo daquela colina, como eu me tinha convencido. Agora tinha que encher a alma com outras histórias até ter coragem para voltar a viver a minha vida, para perseguir de novo os meus sonhos.
domingo, fevereiro 22, 2004
Mickey
Mickey era o gato siamês que vivia em casa dos meus pais. Gato rezingão, indolente, sempre senhor do seu nariz, dos seus bigodes, sempre senhor de si. Não lhe agradava um colo e fazia-o saber alto e bom som, num rosnar típico de cão. Não pedia, exigia alimento, aceitava mimos a contra-gosto.
Comilão quanto baste, tinha especial predilecção por aves. Costumava atacar as armadilhas que o vizinho armava no quintal e roubava os pássaros. Que o esforço de caçar era demasiado grande para ele, ele gostava de comida fácil, se viesse depenado ainda era bem melhor. O vizinho ficava chateado, não pelo pássaro comido, mas pela armadilha que o gato insistia em levar consigo.
Durante nove meses do ano, engordava a olhos vistos, armazenava alimento, qual camelo, para gastar imparavelmente nos três meses que se seguiam, perdido que andava fora de casa, perseguindo todas as gatas da vizinhança. Voltava a casa, com intervalos de semanas, sujo, esquelético, pêlo mal tratado, às vezes magoado por algum dono que não apreciava a sua corte declarada e descarada. O esforço era certamente bem sucedido e recompensado, a avaliar pela quantidade de gatos siameses que começaram a proliferar pelas redondezas.
Mickey saiu mais uma vez para ir às gatas, só que este ano teve pouca sorte ao atravessar a estrada e foi colhido por um carro. Não sobreviveu.
Mickey, vamos ter saudades tuas, vais sempre fazer parte da nossa memória. Daqui a anos ainda nos vamos rir com as tuas tropelias, com o teu típico humor, com a tua pachorrenta presença, com a tua gulodice por asinhas de frango e biscoitos crocantes.
sexta-feira, fevereiro 20, 2004
Gatos cuidem-se!
Ouvi hoje de manhã, ainda meia ensonada, mas acho que não foi pesadelo.
A gripe das aves também se transmite aos felinos, já existem baixas a reportar.
Quando as doenças começam a ignorar a barreira das espécies é que começam as chatices, não é verdade?
Dizem que foi assim que a Sida começou, passando dos símios para os humanos.
Claro que podem sempre optar pelo disfarce, aproveitando o Carnaval!
A gripe das aves também se transmite aos felinos, já existem baixas a reportar.
Quando as doenças começam a ignorar a barreira das espécies é que começam as chatices, não é verdade?
Dizem que foi assim que a Sida começou, passando dos símios para os humanos.
Claro que podem sempre optar pelo disfarce, aproveitando o Carnaval!
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
Monstros à solta na Maia!!!
Hoje, por razões profissionais dei por mim a ler o “Regulamento dos Resíduos Sólidos do Concelho da Maia”. E não pude deixar de rir logo com as definições.
MONSTROS?!?!?!
Afinal ler o Diário da República até pode ser divertido!
----------------------------------------------------------
*Objectos volumosos fora de uso provenientes das habitações, que pelo seu volume, forma ou dimensões, não possam ser removidos através dos meios normais de remoção.
“(...)
2 – São considerados resíduos sólidos urbanos, adiante designados por RSU, os seguintes resíduos sólidos.
a) Resíduos sólidos domésticos
b) Monstros *
c) ( ...) “
MONSTROS?!?!?!
Afinal ler o Diário da República até pode ser divertido!
----------------------------------------------------------
*Objectos volumosos fora de uso provenientes das habitações, que pelo seu volume, forma ou dimensões, não possam ser removidos através dos meios normais de remoção.
E ainda a carta...
III
Tento desligar-me de tudo à medida que me perco em caminhos estreitos e veredas, em traçados que nem aparecem vincados em nenhum mapa. No momento em que não posso mais seguir montada, paro o carro e sigo a pé. O meu desejo é perder-me de tudo, perder-me até da minha consciência. Mas é estranho, porque o que à distância julgávamos ser suficiente para que ninguém nos encontrasse, quando lá chegamos, parece que não é suficiente ermo, suficientemente distante, suficientemente deserto.
E não é deserto, não pode ser deserto, está contaminado pela minha presença. Mas mesmo assim sigo sempre em frente à espera de sentir um lugar dizer-me “é aqui” e então parar, e então deitar, sentir o peso do corpo que se transmite ao terreno, sentir o corpo e desligar a mente.
O caminho que sigo parece ter sido calcorreado por pastores e cabras, e não posso deixar de sorrir com o meu aspecto, salto alto no meio de um trilho cabreiro. Sento-me numa pedra na beira do caminho, começo-me a descalçar e a brincar com os pés na relva que já adquire aquela frescura húmida de final de tarde. Dobro as calças, e fico assim, com calças de ir regar. E de repente vem-me à memória os finais de tarde de verão, quando o sol já se pôs, mas o calor ainda se mantém, e ao voltar da praia encontrava a minha avó a regar o milho. Nessa altura fazia o que não seria capaz de fazer agora, andar descalça nos regos de terra, sentido os pés enterrarem-se na lama, fundirem-se com a terra.
Continuo descalça colina acima, o carro ficou já escondido atrás da última linha de vegetação. O desconforto inicial torna-se primeiro acomodação, depois prazer. Sinto-me leve. O dia de hoje tem o encanto desses dias passados, como se a recordação fosse uma neblina de luz que pinta a natureza. Quando fico assim, sozinha num espaço imenso de que não lhe adivinho limites, sinto que tudo perde a importância, as mágoas, os enganos, as traições.
Finalmente, no ponto mais alto da colina a terra grita-me, “é aqui” e eu obedeço. Deito-me, de pernas e braços afastados, olhos bem abertos fixando o céu. Sinto a humidade da relva penetrando a roupa, sinto a temperatura do ar que se cola à pele, escuto os sons da natureza. Vejo no céu, espirais semitransparentes que se afastam da terra. Sempre as vi, nunca soube se eram reais se uma partida dos olhos, de tanto fixar o azul do céu.
E penso, o que faço eu aqui, assim? De que fujo eu? De que é que eu tenho medo?
Lembro-me de uma frase de Anais Nin.
“… chorei porque perdi a minha dor e ainda não estava acostumada à sua ausência.”
A minha dor ficaria naquele espaço entre céu e terra. Não a levaria de volta comigo, não valia a pena.
Fiz o caminho de volta mas quem voltava não era quem tinha subido. Recolhi os sapatos junto à rocha, mas continuei descalça. Procurei as chaves do carro e não as encontrei. Verdade é que nem me lembrava de ter fechado o carro, nem me recordava do que fizera da carteira e do telemóvel.
Estava tudo no interior, chaves, carteira e telemóvel, tudo em cima do banco. Noutro local, nem o sítio onde deixara o carro teria encontrado, mas ali, só mesmo as cabras se poderiam ter aventurado a mordiscar o pára-choques, os retrovisores ou os piscas do carro.
O sol já se tinha posto e eu resolvi seguir viagem. Não sabia onde estava e convinha encontrar algum sítio onde pudesse comer e dormir.
Fazer luto por ti, ainda vá, agora dieta?
Não mereces tanto!
Tento desligar-me de tudo à medida que me perco em caminhos estreitos e veredas, em traçados que nem aparecem vincados em nenhum mapa. No momento em que não posso mais seguir montada, paro o carro e sigo a pé. O meu desejo é perder-me de tudo, perder-me até da minha consciência. Mas é estranho, porque o que à distância julgávamos ser suficiente para que ninguém nos encontrasse, quando lá chegamos, parece que não é suficiente ermo, suficientemente distante, suficientemente deserto.
E não é deserto, não pode ser deserto, está contaminado pela minha presença. Mas mesmo assim sigo sempre em frente à espera de sentir um lugar dizer-me “é aqui” e então parar, e então deitar, sentir o peso do corpo que se transmite ao terreno, sentir o corpo e desligar a mente.
O caminho que sigo parece ter sido calcorreado por pastores e cabras, e não posso deixar de sorrir com o meu aspecto, salto alto no meio de um trilho cabreiro. Sento-me numa pedra na beira do caminho, começo-me a descalçar e a brincar com os pés na relva que já adquire aquela frescura húmida de final de tarde. Dobro as calças, e fico assim, com calças de ir regar. E de repente vem-me à memória os finais de tarde de verão, quando o sol já se pôs, mas o calor ainda se mantém, e ao voltar da praia encontrava a minha avó a regar o milho. Nessa altura fazia o que não seria capaz de fazer agora, andar descalça nos regos de terra, sentido os pés enterrarem-se na lama, fundirem-se com a terra.
Continuo descalça colina acima, o carro ficou já escondido atrás da última linha de vegetação. O desconforto inicial torna-se primeiro acomodação, depois prazer. Sinto-me leve. O dia de hoje tem o encanto desses dias passados, como se a recordação fosse uma neblina de luz que pinta a natureza. Quando fico assim, sozinha num espaço imenso de que não lhe adivinho limites, sinto que tudo perde a importância, as mágoas, os enganos, as traições.
Finalmente, no ponto mais alto da colina a terra grita-me, “é aqui” e eu obedeço. Deito-me, de pernas e braços afastados, olhos bem abertos fixando o céu. Sinto a humidade da relva penetrando a roupa, sinto a temperatura do ar que se cola à pele, escuto os sons da natureza. Vejo no céu, espirais semitransparentes que se afastam da terra. Sempre as vi, nunca soube se eram reais se uma partida dos olhos, de tanto fixar o azul do céu.
E penso, o que faço eu aqui, assim? De que fujo eu? De que é que eu tenho medo?
Lembro-me de uma frase de Anais Nin.
“… chorei porque perdi a minha dor e ainda não estava acostumada à sua ausência.”
A minha dor ficaria naquele espaço entre céu e terra. Não a levaria de volta comigo, não valia a pena.
Fiz o caminho de volta mas quem voltava não era quem tinha subido. Recolhi os sapatos junto à rocha, mas continuei descalça. Procurei as chaves do carro e não as encontrei. Verdade é que nem me lembrava de ter fechado o carro, nem me recordava do que fizera da carteira e do telemóvel.
Estava tudo no interior, chaves, carteira e telemóvel, tudo em cima do banco. Noutro local, nem o sítio onde deixara o carro teria encontrado, mas ali, só mesmo as cabras se poderiam ter aventurado a mordiscar o pára-choques, os retrovisores ou os piscas do carro.
O sol já se tinha posto e eu resolvi seguir viagem. Não sabia onde estava e convinha encontrar algum sítio onde pudesse comer e dormir.
Fazer luto por ti, ainda vá, agora dieta?
Não mereces tanto!
terça-feira, fevereiro 17, 2004
A carta II
Segui estrada fora respeitando amplamente os limites de velocidade, não por consciência, mas simplesmente porque não tinha destino, não tinha pressa de chegar a nenhum local, unicamente desejo que o tempo passasse. Continuava pensando em tudo o que havia vivido nos últimos meses esperando que o vento que passava pela janela aberta conseguisse retirar o amargo, a dor, a desilusão, deixando unicamente as boas recordações, que as havia, que a minha razão sabia, mas que o meu coração se negava a aceitar.
O dia estava quente, a hora do meio-dia não fora uma boa escolha para partir, não me devia ter deixado levar assim pelo ímpeto do momento, devia ter esperado, dormido mais um dia na cama que na minha imaginação ainda tem o teu cheiro, o teu não, o cheiro dele, que não mais vou escrever para ti, perdão, para ele.
Velhos hábitos são difíceis de abandonar. Tantas vezes lhe tinha escrito longas cartas nas noites em que o sono se atrasava e ficava perdido num qualquer recanto até que a madrugava despontava, e então aparecia, forte e conciliador. Tantas cartas escritas, umas a tinta ténue sobre papel, outras escritas a sonhos sobre a vida, tantas palavras, tantas interrogações e contudo quantas certezas.
A vontade de sentir a aragem no rosto, o ruído ritmado do vento na janela aberta que me servia de fundo aos pensamentos, era contrariada pelo desejo da frescura do ar condicionado. Acabei a fechar a janela, ligar o ar condicionado e o rádio. Ainda ouvi a Sheryl Crow cantar.
“… first cut is the deepest
Baby I know the first cut is the deepest
But when it comes to being lucky he's cursed
When it comes to loving me he's worst
I still want you by my side
Just to help me dry the tears that I've cried
And I'm sure going to give you a try …”
Porque é que o acaso se delicia a brincar com as palavras das músicas e a retirar-me toda a determinação? O primeiro golpe é efectivamente o mais profundo, aquele que deixará a cicatriz mais visível e por mais tempo. Mas os golpes seguintes não serão, por isso, mais fáceis de suportar. Os golpes seguintes vão minando a confiança, vão embotando os sentidos, destruindo os sentimentos.
Sei-o, já passei por isso com outros, não gostaria de também o passar contigo. Julguei que nunca o passaria contigo, achava-te especial, achava que o que tínhamos era especial.
Não consigo afastar-me deste hábito de contigo falar, já viste? A música tem razão, continuo a querer-te a meu lado, continuo a querer-te do outro lado das minhas palavras, do outro lado dos meus pensamentos. Continuo a querer-te para completares os puzzles da minha vida.
Continuo à espera que naquela carta que eu me recusei a receber esteja uma explicação tão bem imaginada que eu só possa acreditar nela, sentir-me até culpada por tudo o que imaginei.
Continuei a conduzir, as lágrimas secas retesavam-me a pele do rosto, sentia o nariz entupido, os olhos vermelhos, mas estranhamente, sentia-me muito mais calma. As lágrimas sempre tiveram esse efeito em mim, muito melhor que o cháde cidreira, ou seria de camomila, que a minha mãe me costumava fazer. No primeiro cruzamento que encontrei, virei para uma estrada secundária e entranhei-me terra a dentro, Portugal rural a dentro.
Espanha pode esperar, Espanha pode sempre esperar!
O dia estava quente, a hora do meio-dia não fora uma boa escolha para partir, não me devia ter deixado levar assim pelo ímpeto do momento, devia ter esperado, dormido mais um dia na cama que na minha imaginação ainda tem o teu cheiro, o teu não, o cheiro dele, que não mais vou escrever para ti, perdão, para ele.
Velhos hábitos são difíceis de abandonar. Tantas vezes lhe tinha escrito longas cartas nas noites em que o sono se atrasava e ficava perdido num qualquer recanto até que a madrugava despontava, e então aparecia, forte e conciliador. Tantas cartas escritas, umas a tinta ténue sobre papel, outras escritas a sonhos sobre a vida, tantas palavras, tantas interrogações e contudo quantas certezas.
A vontade de sentir a aragem no rosto, o ruído ritmado do vento na janela aberta que me servia de fundo aos pensamentos, era contrariada pelo desejo da frescura do ar condicionado. Acabei a fechar a janela, ligar o ar condicionado e o rádio. Ainda ouvi a Sheryl Crow cantar.
“… first cut is the deepest
Baby I know the first cut is the deepest
But when it comes to being lucky he's cursed
When it comes to loving me he's worst
I still want you by my side
Just to help me dry the tears that I've cried
And I'm sure going to give you a try …”
Porque é que o acaso se delicia a brincar com as palavras das músicas e a retirar-me toda a determinação? O primeiro golpe é efectivamente o mais profundo, aquele que deixará a cicatriz mais visível e por mais tempo. Mas os golpes seguintes não serão, por isso, mais fáceis de suportar. Os golpes seguintes vão minando a confiança, vão embotando os sentidos, destruindo os sentimentos.
Sei-o, já passei por isso com outros, não gostaria de também o passar contigo. Julguei que nunca o passaria contigo, achava-te especial, achava que o que tínhamos era especial.
Não consigo afastar-me deste hábito de contigo falar, já viste? A música tem razão, continuo a querer-te a meu lado, continuo a querer-te do outro lado das minhas palavras, do outro lado dos meus pensamentos. Continuo a querer-te para completares os puzzles da minha vida.
Continuo à espera que naquela carta que eu me recusei a receber esteja uma explicação tão bem imaginada que eu só possa acreditar nela, sentir-me até culpada por tudo o que imaginei.
Continuei a conduzir, as lágrimas secas retesavam-me a pele do rosto, sentia o nariz entupido, os olhos vermelhos, mas estranhamente, sentia-me muito mais calma. As lágrimas sempre tiveram esse efeito em mim, muito melhor que o cháde cidreira, ou seria de camomila, que a minha mãe me costumava fazer. No primeiro cruzamento que encontrei, virei para uma estrada secundária e entranhei-me terra a dentro, Portugal rural a dentro.
Espanha pode esperar, Espanha pode sempre esperar!
domingo, fevereiro 15, 2004
A carta
Já fui várias vezes abrir a caixa de correio mas a tua carta não chega. Eu sei que o carteiro passa a horas fixas e se há cinco minutos a carta lá não estava, não irá estar agora. Mas existe sempre a hipótese de que o carteiro a tenha colocado na caixa de um vizinho, e este, ao chegar a casa e ao dar pelo engano, a tenha vindo colocar no sítio onde a espero.
Mas e se o vizinho está de férias, e a minha/tua carta fica lá perdida semanas a fio?
E se ele abre a carta apesar de não lhe ser dirigida?
E se ele a deita ao lixo, mesmo sem a olhar?
Não consigo deixar de pensar na carta que aguardo, já sei de cor as palavras que espero ver lá escritas, já ensaiei mil vezes a resposta.
Mas depois a dúvida instala-se. E se tu não sentes necessidade de me dizer o que eu espero ouvir, se vais adiando, por um dia, e depois por outro, até que deixas de te lembrar do que querias dizer, até que deixas de te lembrar de mim.
Ou se as palavras que eu imagino não são as que tu sentes. Ou se tu simplesmente não sentes, não tens consciência do que me fizeste, pelo que me fizeste passar neste últimos dias. Não tens nenhuma palavra de desculpa para mim. Se pelo contrário, o que tens são recriminações, pela inocência que agora sei patética, pela confiança, que agora sei deslocada, pela amizade, que não surtiu qualquer eco desse lado. Pela dor que unicamente te merece um sorriso irónico.
Continuo esperando a carta. A ansiedade diminui a cada dia que passa. Instala-se o cansaço, a rotina, um entorpecimento da memória, um anestesiar da dor. A ferida já começa a ganhar uma pele suave e rosada.
…
Tocaram à campainha, ponho-me em bicos de pés e espreito, é o carteiro. Traz uma carta registada, é necessário assinar.
Reconheço a tua caligrafia no endereço do envelope. Fico paralisada, sem saber o que fazer. O que eu tanto desejei está finalmente ali, só é preciso um gesto, só preciso de um gesto, um gesto. E não sou capaz de o esboçar.
“ É para assinar aqui e ali” – aponta o carteiro.
“ A senhora não está, e eu não tenho ordens para assinar nada!” - respondo eu, tentando parecer a empregada. Se ele acreditou ou não, não é importante, já deve estar habituado a todo o tipo de teatros.
“ Então, deixo aqui o aviso, e a senhora deverá levantar a carta na estação dos correios a partir de amanhã e num prazo de 6 dias”
Vi a carta encontrar o caminho de volta dentro da sacola do carteiro.
Telefonei para o escritório e avisei que tinha uma urgência pessoal, e tinha de me ausentar durante uma semana, talvez um pouco mais. Olhei as malas feitas, pousadas há vários dias na entrada. A decisão já estava tomada, o momento chegara agora!
Respirei fundo, peguei no mapa de Espanha, os óculos escuros, o chapéu e fechei a porta atrás de mim. Deixei-te do outro lado dessa porta, esperando não te encontrar quando regressasse… se regressasse.
Mas e se o vizinho está de férias, e a minha/tua carta fica lá perdida semanas a fio?
E se ele abre a carta apesar de não lhe ser dirigida?
E se ele a deita ao lixo, mesmo sem a olhar?
Não consigo deixar de pensar na carta que aguardo, já sei de cor as palavras que espero ver lá escritas, já ensaiei mil vezes a resposta.
Mas depois a dúvida instala-se. E se tu não sentes necessidade de me dizer o que eu espero ouvir, se vais adiando, por um dia, e depois por outro, até que deixas de te lembrar do que querias dizer, até que deixas de te lembrar de mim.
Ou se as palavras que eu imagino não são as que tu sentes. Ou se tu simplesmente não sentes, não tens consciência do que me fizeste, pelo que me fizeste passar neste últimos dias. Não tens nenhuma palavra de desculpa para mim. Se pelo contrário, o que tens são recriminações, pela inocência que agora sei patética, pela confiança, que agora sei deslocada, pela amizade, que não surtiu qualquer eco desse lado. Pela dor que unicamente te merece um sorriso irónico.
Continuo esperando a carta. A ansiedade diminui a cada dia que passa. Instala-se o cansaço, a rotina, um entorpecimento da memória, um anestesiar da dor. A ferida já começa a ganhar uma pele suave e rosada.
…
Tocaram à campainha, ponho-me em bicos de pés e espreito, é o carteiro. Traz uma carta registada, é necessário assinar.
Reconheço a tua caligrafia no endereço do envelope. Fico paralisada, sem saber o que fazer. O que eu tanto desejei está finalmente ali, só é preciso um gesto, só preciso de um gesto, um gesto. E não sou capaz de o esboçar.
“ É para assinar aqui e ali” – aponta o carteiro.
“ A senhora não está, e eu não tenho ordens para assinar nada!” - respondo eu, tentando parecer a empregada. Se ele acreditou ou não, não é importante, já deve estar habituado a todo o tipo de teatros.
“ Então, deixo aqui o aviso, e a senhora deverá levantar a carta na estação dos correios a partir de amanhã e num prazo de 6 dias”
Vi a carta encontrar o caminho de volta dentro da sacola do carteiro.
Telefonei para o escritório e avisei que tinha uma urgência pessoal, e tinha de me ausentar durante uma semana, talvez um pouco mais. Olhei as malas feitas, pousadas há vários dias na entrada. A decisão já estava tomada, o momento chegara agora!
Respirei fundo, peguei no mapa de Espanha, os óculos escuros, o chapéu e fechei a porta atrás de mim. Deixei-te do outro lado dessa porta, esperando não te encontrar quando regressasse… se regressasse.
sábado, fevereiro 14, 2004
A espera
A escola secundária estava em período de campanha eleitoral para a associação de estudantes. Mais do que debate de ideias, o que parecia existir era um gladiar de sons, de ver quem mais alto conseguia colocar a aparelhagem junto ao portão.
Espero a minha filha no carro e observo, tapete no chão, música e alunos que à vez vão dançando break-dance, a julgar pelo menos pelos movimentos que vislumbro no meio das pernas dos assistentes.
Do outro lado da rua, em cima de um muro, um grupo de trolhas em intervalo de almoço observa com interesse o espectáculo da dança e o espectáculo de quem assiste.
Entre os trolhas da obra e os alunos da escola não se nota, aparentemente, diferença de idades. 17 ou 18 anos e vidas tão diferentes em trabalhos e tipos de responsabilidade.
Uns têm um trabalho que exige esforço físico e que se esgota no horário a cumprir, outros têm um trabalho que exige esforço intelectual e que implica responsabilização para além do horário das aulas.
Em comum, uma idade e a curiosidade por quem dança.
Espero a minha filha no carro e observo, tapete no chão, música e alunos que à vez vão dançando break-dance, a julgar pelo menos pelos movimentos que vislumbro no meio das pernas dos assistentes.
Do outro lado da rua, em cima de um muro, um grupo de trolhas em intervalo de almoço observa com interesse o espectáculo da dança e o espectáculo de quem assiste.
Entre os trolhas da obra e os alunos da escola não se nota, aparentemente, diferença de idades. 17 ou 18 anos e vidas tão diferentes em trabalhos e tipos de responsabilidade.
Uns têm um trabalho que exige esforço físico e que se esgota no horário a cumprir, outros têm um trabalho que exige esforço intelectual e que implica responsabilização para além do horário das aulas.
Em comum, uma idade e a curiosidade por quem dança.
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
Coincidências?
Prometeram-me um corte de cabelo, não num cabeleireiro qualquer, mas lá no salão onde a Sissi trabalha. Por enquanto ela só lava cabeças e serve cafezinhos, mas com o tempo, quem sabe que mais irá fazer.
Em troca, um bocadinho de publicidade aqui no meu blog.
Publicidade ao nascimento em directo de um e-livro-blog. O primeiro capítulo já esperneia, saudável ainda que não muito risonho. A vida nem sempre é fácil, os sonhos desfazem-se facilmente. Mas a procissão nem no adro vai, ainda não saiu da igreja, muita coisa pode acontecer, o santo cair abaixo do andor, chover torrencialmente, dar uma cãibra ao sacristão, ou o sacerdote ser perseguido por um cachorro furioso com homens de saias. Mas também pode fazer um sol esplendoroso, um daqueles dias que avivam cores e alegrias, temperaturas mornas na pele, brisas suaves. Nunca sabemos o que nos reserva a vida, nem o que nos reserva um livro, antes de ser lido, muito menos, antes de ser escrito.
Não percam este “Big-brother” editorial, a escrita em directo.
terça-feira, fevereiro 10, 2004
Teste 2 - Jogo 2
segunda-feira, fevereiro 09, 2004
Teste ... Jogo Ok?
codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/Flash/swflash.cab#version=6,0,29,0" >
type="application/x-shockwave-flash" menu="false">
Com a ajuda do Dúvidas Dúbias, aqui tenho a primeira animação flash do blog. Obrigada!
Agora joguem e divirtam-se! Eu vou tentar descobrir como se coloca a janela em tamanho normal.
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Com a ajuda do Dúvidas Dúbias, aqui tenho a primeira animação flash do blog. Obrigada!
Agora joguem e divirtam-se! Eu vou tentar descobrir como se coloca a janela em tamanho normal.
Livros, leituras e bestas
Desconheço o/a autor/a deste texto, mas como achei que estava feito com imaginação e graça, passei-o para aqui, para que o possam ler também. Não concordo contudo com o autor na sua crítica bem ácida à juventude, mas se retirasse os primeiros parágrafos, o impacto dos seguintes seria diminuído. Por isso aqui fica, tal qual me chegou ás mãos.
Claro que depois de lida a lista, só me resta ir às compras e por a minha cultura literária em dia para não ser apelidada de besta.
“Confrontado com o baixo nível das conversas da juventude portuguesa, decidi dar o meu contributo.
Compreendo que ninguém tem tempo e que, quando o há, temos coisas mais engraçadas que fazer do que ler um livro, por muito bom que ele seja. Ver vídeos, dar uma volta, embebedar-se, pecar em geral, são de facto actividades mais divertidas e mais rápidas.
Por esta e outras razões coloquei a nossa extensa cultura ao serviço de todos os ignorantes que nos lêem. Para poupar tempo e dinheiro aqui estão alguns tesouros da literatura universal em poucas linhas e ao alcance de qualquer besta.
1) Marcel Proust. À la recherche du temps perdu. Paris, Gallimard. 1922 (1.ere edition) - À procura do tempo perdido. Livros do Brasil Colecção Dois Mundos). 1965
Resumo: Um rapaz asmático sofre de insónias porque a mãe não lhe dá um beijinho de boas-noites. No dia seguinte (pág. 486. I vol.), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág. 1344. VI vol.) tem um ataque de asma porque a namorada (ou namorado?) se recusa a dar-lhe uns beijinhos. Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão todos muito velhinhos e pronto.
2) James Joyce. Ulysses. Paris, Shakespeare Co.. 922 - trad. Portuguesa (obrigatório dizer e é má) de João Palma-Ferreira.
Resumo: Um dia na vida de um judeu chamado Bloom que vai cagar no primeiro capítulo. Um estudante chamado Daedalus masturba-se na praia. O judeu bebe uns copos e fala com o sapato. A mulher do judeu (que é cantora) lembra-se de como fornicou o dia todo com o seu amante. Termina com a palavra «Sim», prova indiscutível de que se trata de um livro inteiramente positivo.
3) Júlio Dantas, A Ceia dos Cardeais, Lisboa, Lello, 1908 - tradução portuguesa de David Mourão-Ferreira.
Resumo: Era uma vez três cardeais. Um era português, o outro espanhol e o outro francês. Estavam a jantar no Vaticano e lembraram-se de comparar engates. O francês tinha muita lábia, o espanhol muita basófia mas o português é que a sabia toda. No fim, os outros baixaram a bola e reconheceram como é diferente (e melhor) O amor à portuguesa. Ou, como disse no fim o cardeal inglês. «Portuguese do it best».
4) Leão Tolstoi, Guerra e Paz, (1800 páginas)
Resumo: Um rapaz não quer ir à guerra e por isso Napoleão invade Moscovo. A rapariga casa-se com outro. Fim.
5) Luís de Camôes, Os Lusíadas (várias edições), versão portuguesa de João de Barros)
Resumo: Um poeta com insónias decide chatear o rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa porreiraça), têm o justo prémio numa ilha cheia de gajas boas.
6) Gustave Flaubert, Madame Bovary, (378 páginas)
Resumo: Uma dona de casa engana o marido com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do talho, o merceeiro, e um vizinho cheio de massa. Envenena-se e morre.
7) William Shakespeare, Hamlet, Londres, Oxford Press
Resumo: Um príncipe com insónias passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada que entretanto se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com urna caveira e morre, assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que se tinha suicidado.
8) Anónimo colectivo, Antigo Testamento (2 vol.)
Resumo: A mesma história tem dezenas de versões. Trata-se da saga de uma família através de várias gerações. Uma história de poder, luxúria, paixões incandescentes, ambições desmedidas, crimes hediondos e sexo.
9) Anónimo colectivo. Novo Testamento (4 versões)
Resumo: Uma mulher com insónias dá à luz um filho cujo pai é uma pomba. O filho cresce e abandona a carpintaria para formar uma seita de pescadores. Por causa de um bufo, é preso e morre.”
Claro que depois de lida a lista, só me resta ir às compras e por a minha cultura literária em dia para não ser apelidada de besta.
domingo, fevereiro 08, 2004
With a Little Help From My Friends
What would you think if I sang out of tune,
Would you stand up and walk out on me.
Lend me your ears and I’ll sing you a song,
And I’ll try not to sing out of key.
I get by with a little help from my friends,
I get high with a little help from my friends,
Going to try with a little help from my friends.
What do I do when my love is away.
(does it worry you to be alone)
How do I feel by the end of the day
(are you sad because you’re on your own)
No I get by with a little help from my friends,
Do you need anybody,
I need somebody to love.
Could it be anybody
I want somebody to love.
Would you believe in a love at first sight,
Yes I’m certain that it happens all the time.
What do you see when you turn out the light,
I can’t tell you, but I know it’s mine.
Oh I get by with a little help from my friends,
Do you need anybody,
I just need someone to love,
Could it be anybody,
I want somebody to love.
I get by with a little help from my friends,
Yes I get by with a little help from my friends,
With a little help from my friends.
Beatles
(acabei de ouvir a versão do Joe Cocker e não resisti a colocar aqui a letra.)
Would you stand up and walk out on me.
Lend me your ears and I’ll sing you a song,
And I’ll try not to sing out of key.
I get by with a little help from my friends,
I get high with a little help from my friends,
Going to try with a little help from my friends.
What do I do when my love is away.
(does it worry you to be alone)
How do I feel by the end of the day
(are you sad because you’re on your own)
No I get by with a little help from my friends,
Do you need anybody,
I need somebody to love.
Could it be anybody
I want somebody to love.
Would you believe in a love at first sight,
Yes I’m certain that it happens all the time.
What do you see when you turn out the light,
I can’t tell you, but I know it’s mine.
Oh I get by with a little help from my friends,
Do you need anybody,
I just need someone to love,
Could it be anybody,
I want somebody to love.
I get by with a little help from my friends,
Yes I get by with a little help from my friends,
With a little help from my friends.
Beatles
(acabei de ouvir a versão do Joe Cocker e não resisti a colocar aqui a letra.)
sábado, fevereiro 07, 2004
Vida
"Sento-me na segurança da sombra e aceito a amiga solidão sem receio. Confidencio-lhe pensamentos, recordo momentos passados enquanto procuro pegadas mais pequenas. Evoco a infância, quando caminhava colocando um pé em frente do outro, calcanhar do esquerdo contra os dedos do direito, quando não me preocupava com a chegada mas com o caminho. Cresci, alarguei-me em passos acelerados, deixei de tomar atenção aos pormenores e acabei perdendo a noção do rumo que pretendia seguir. Marcho em direcção à morte, isso sei, agora resta saber por onde lá vou dar..."
Gosto quando encontro textos bem escritos, palavras com alma, imagens que nos seduzem- "calcanhar do esquerdo contra os dedos do direito" - ainda me lembro de quando assim media as distâncias, quando assim traçava percursos sobre as marcas no pavimento. Não pude deixar de sorrir ao ler este texto, relembrando eu também momentos passados, sonhos, desejos, planos. Também eu me abalancei em passos acelerados vida fora, demasiados rápidos para tudo apreciar.
Gosto quando encontro textos bem escritos, palavras com alma, imagens que nos seduzem- "calcanhar do esquerdo contra os dedos do direito" - ainda me lembro de quando assim media as distâncias, quando assim traçava percursos sobre as marcas no pavimento. Não pude deixar de sorrir ao ler este texto, relembrando eu também momentos passados, sonhos, desejos, planos. Também eu me abalancei em passos acelerados vida fora, demasiados rápidos para tudo apreciar.
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
Consciente
"Organização parece ser seu lema de vida. Segundo o psicólogo americano Samuel Gosling, este costuma ser o perfil de quem é muito racional e vive em constante duelo entre suas emoções e sua razão. O importante é saber dosar as duas coisas para que essa 'assepsia' não signifique um problema em sua vida."
Pois, foi isto que me saiu em mais um teste descoberto na net. Mais um do blog da Lara.
Este é bem divertido de se fazer.
Pois, foi isto que me saiu em mais um teste descoberto na net. Mais um do blog da Lara.
Este é bem divertido de se fazer.
quinta-feira, fevereiro 05, 2004
Máquina do tempo
“Todos temos as nossas máquinas do tempo, as que nos levam para trás, sãos as recordações, as que nos levam para a frente, são os sonhos.”
Cerejas
“O erotismo é uma das bases do auto-conhecimento, tão indispensável quanto a poesia."
(Anaís Nin)
Li esta citação no Piiiirrrr corocorcooorrrrrrrrr.... e copiei.
A personalidade de Anais Nin sempre me fascinou, apesar de ter lido muito pouco do que ela escreveu. É um daqueles planos que vai ficando em suspenso, ler mais do que pequenos extractos, perceber um pouco a mulher que viveu sem se sentir demasiado presa às convenções rígidas de uma época. Pelo menos é assim que a sinto, alguém que se descobriu na sensibilidade, na sensualidade, no erotismo, na sexualidade.
Disseram-me um dia, com razão, que os links são como as cerejas, atrás de um vem sempre outro… ou outros. E assim foi. Encontrei no site anterior um link para o site da “Victoria Secret”, e resolvi ir espreitar.
Que acham destes modelos?
Eu gosto particularmente do primeiro, da forma como as tiras contornam as ancas e do tom vermelho cereja.
O dia de S. Valentim aproxima-se, podemos sempre escolher alguma peça alusiva ao dia. Talvez me deixe levar pela febre consumista … ou talvez não.
E para o Verão, que acham deste biquini?
Com o tempo que temos tido nos últimos dias, dá mesmo vontade de ir à praia, vontade de ir de férias. No Verão sempre me sinto mais leve, mais alegre, mais feliz.
Estou a precisar de um Verão.
(Anaís Nin)
Li esta citação no Piiiirrrr corocorcooorrrrrrrrr.... e copiei.
A personalidade de Anais Nin sempre me fascinou, apesar de ter lido muito pouco do que ela escreveu. É um daqueles planos que vai ficando em suspenso, ler mais do que pequenos extractos, perceber um pouco a mulher que viveu sem se sentir demasiado presa às convenções rígidas de uma época. Pelo menos é assim que a sinto, alguém que se descobriu na sensibilidade, na sensualidade, no erotismo, na sexualidade.
Disseram-me um dia, com razão, que os links são como as cerejas, atrás de um vem sempre outro… ou outros. E assim foi. Encontrei no site anterior um link para o site da “Victoria Secret”, e resolvi ir espreitar.
Que acham destes modelos?
Eu gosto particularmente do primeiro, da forma como as tiras contornam as ancas e do tom vermelho cereja.
O dia de S. Valentim aproxima-se, podemos sempre escolher alguma peça alusiva ao dia. Talvez me deixe levar pela febre consumista … ou talvez não.
E para o Verão, que acham deste biquini?
Com o tempo que temos tido nos últimos dias, dá mesmo vontade de ir à praia, vontade de ir de férias. No Verão sempre me sinto mais leve, mais alegre, mais feliz.
Estou a precisar de um Verão.
Morning has broken
Morning has broken, like the first morning
Blackbird has spoken, like the first bird
Praise for the singing, praise for the morning
Praise for them springing fresh from the word
Sweet the rain's new fall, sunlit from heaven
Like the first dewfall, on the first grass
Praise for the sweetness of the wet garden
Sprung in completeness where His feet pass
Mine is the sunlight, mine is the morning
Born of the one light, Eden saw play
Praise with elation, praise every morning
God's recreation of the new day
Cat Stevens
quarta-feira, fevereiro 04, 2004
Os Sonhos
Os sonhos são muitas vezes cristalizadores de coisas más que nos acontecem.
Há quem lhes chame pesadelos. Eu chamo-lhes sabotadores.
São sabotadores da determinação de esquecer.
Do desejo de perdoar, de seguir em frente.
Mas piores que os sonhos que povoam o nosso sono, são aqueles que se passaram de olhos bem abertos. Era sonho, mas nós nem nos apercebemos.
Se eu pretendesse ver nessa realidade distorcida, apesar de tudo, um lado positivo, diria que esse sonho serviu um propósito em determinada altura, mas que está no tempo de abrir olhos e continuar em frente. E principalmente, não recordar o sonho, não recordar as circunstâncias do sonho, o engano do sonho. Confiar mais nos sentidos do corpo e menos nos sentidos da alma e da mente.
Há quem lhes chame pesadelos. Eu chamo-lhes sabotadores.
São sabotadores da determinação de esquecer.
Do desejo de perdoar, de seguir em frente.
Mas piores que os sonhos que povoam o nosso sono, são aqueles que se passaram de olhos bem abertos. Era sonho, mas nós nem nos apercebemos.
Se eu pretendesse ver nessa realidade distorcida, apesar de tudo, um lado positivo, diria que esse sonho serviu um propósito em determinada altura, mas que está no tempo de abrir olhos e continuar em frente. E principalmente, não recordar o sonho, não recordar as circunstâncias do sonho, o engano do sonho. Confiar mais nos sentidos do corpo e menos nos sentidos da alma e da mente.
terça-feira, fevereiro 03, 2004
Sem título
O que fazer quando os amigos morrem ou desaparecem?
O que fazer daquele espaço na nossa mente, ou no nosso coração, que lhes pertencia?
O que fazer às palavras que lhe eram destinadas, aos sentimentos que lhe eram votados?
Com quem iremos partilhar a dor da sua perda?
Quem nos irá enxugar as lágrimas?
Ficamos ainda mais sós do que estávamos antes de eles entrarem na nossa vida.
O que fazer daquele espaço na nossa mente, ou no nosso coração, que lhes pertencia?
O que fazer às palavras que lhe eram destinadas, aos sentimentos que lhe eram votados?
Com quem iremos partilhar a dor da sua perda?
Quem nos irá enxugar as lágrimas?
Ficamos ainda mais sós do que estávamos antes de eles entrarem na nossa vida.
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
A morte
É difícil aceitar a morte. Mas mais difícil é compreender a morte.
Como é que tudo que uma pessoa foi, de repente não é mais? Para onde vão os seus pensamentos, a sua sensibilidade, os seus conhecimentos? O que se passa com todas as recordações, todos os sonhos, toda a informação que foi recolhendo ao longo da vida?
Nós somos computadores sofisticados, com uma linguagem de programação que só agora começamos a decifrar. Se pensarmos bem não somos muito diferentes dos computadores que criamos, apenas mais evoluídos, mais refinados.
Se imaginarmos que alguém nos criou, podemos estabelecer as premissas colocadas por esse ser e ver que não diferem muito do que vislumbramos possível para as máquinas que nós próprios criamos.
Os nossos computadores utilizam linguagem binária, tudo são zeros e uns. A nossa linguagem genética é quaternário, tudo é Citosina, Guanina, Tiamina e Adenosina. A conjugação destes quatro ácidos permite estabelecer um código, software bastante elaborado que permite recriar cada indivíduo a partir de uma única célula.
Mas se neste aspecto a comparação com um computador me parece fácil e directa, em termos de memória não tenho certezas.
Se a comparação fosse directa o nosso cérebro é como um disco duro que arquiva toda a informação, em que tudo está guardado e preservado enquanto a integridade física do cérebro é mantida.
Mas isto não é muito reconfortante, significa que com a morte tudo se esvai, que tudo o que consideramos ser a nossa personalidade é destruído com a morte, que os momentos belos que vivemos e que douramos na nossa recordação são destruídos pela morte e é como se nunca tivessem existido.
Mais agradável é pensar que para além deste corpo físico existe uma entidade não palpável e não destrutível, que guardará tudo aquilo que consideramos ser o nosso ser. Como se existisse uma grande unidade de backup garantindo que mesmo que o nosso disco duro seja destruído, toda a informação que nele existia é preservada, e possa mesmo ser reposta numa outra unidade de arquivo.
Abril de 2001
Como é que tudo que uma pessoa foi, de repente não é mais? Para onde vão os seus pensamentos, a sua sensibilidade, os seus conhecimentos? O que se passa com todas as recordações, todos os sonhos, toda a informação que foi recolhendo ao longo da vida?
Nós somos computadores sofisticados, com uma linguagem de programação que só agora começamos a decifrar. Se pensarmos bem não somos muito diferentes dos computadores que criamos, apenas mais evoluídos, mais refinados.
Se imaginarmos que alguém nos criou, podemos estabelecer as premissas colocadas por esse ser e ver que não diferem muito do que vislumbramos possível para as máquinas que nós próprios criamos.
Os nossos computadores utilizam linguagem binária, tudo são zeros e uns. A nossa linguagem genética é quaternário, tudo é Citosina, Guanina, Tiamina e Adenosina. A conjugação destes quatro ácidos permite estabelecer um código, software bastante elaborado que permite recriar cada indivíduo a partir de uma única célula.
Mas se neste aspecto a comparação com um computador me parece fácil e directa, em termos de memória não tenho certezas.
Se a comparação fosse directa o nosso cérebro é como um disco duro que arquiva toda a informação, em que tudo está guardado e preservado enquanto a integridade física do cérebro é mantida.
Mas isto não é muito reconfortante, significa que com a morte tudo se esvai, que tudo o que consideramos ser a nossa personalidade é destruído com a morte, que os momentos belos que vivemos e que douramos na nossa recordação são destruídos pela morte e é como se nunca tivessem existido.
Mais agradável é pensar que para além deste corpo físico existe uma entidade não palpável e não destrutível, que guardará tudo aquilo que consideramos ser o nosso ser. Como se existisse uma grande unidade de backup garantindo que mesmo que o nosso disco duro seja destruído, toda a informação que nele existia é preservada, e possa mesmo ser reposta numa outra unidade de arquivo.
Abril de 2001
domingo, fevereiro 01, 2004
Horóscopo Asteca.
Descobri no blog da Lara. E fui logo ver qual era o meu signo Asteca.
Sou uma Serpente (Quetzalcoaltl)
Na mitologia Asteca, a Serpente é um dos signos mais venerados por todos, porque constitui o equilíbrio entre o feminino e masculino. Símbolo da fertilidade, indica riqueza mediante esforço. O nativo de serpente é intrépido e combativo. Líder nato, adora vencer obstáculos. Poderá desenvolver sua vontade de compreender o ser humano em profissões como médico, psicólogo, ou na área esotérica. Muito apegado a seu círculo mais próximo de amigos, necessita de admiração e interesse. Quando está à vontade, é muito sedutor. Sua sexualidade ardente lhe faz vacilar entre o desejo de um amor duradouro e outro impetuoso e fugaz. Águia, Serpente e Jaguar saberão entender seus caprichos. Optimista se as coisas andam bem, faz drama quando a vida fica difícil, e pode ficar impaciente e autoritário. Aproveitaria mais a vida se desenvolvesse o senso de humor.
Amor:
A paixão transbordante é o que lhe move, mas cuide para que o erótico não se transforme em histérico e agressivo.
Saúde:
Cuide dos sentidos, porque tem a capacidade para desenvolver um deles em especial. Observa a vida mais que o resto dos mortais.
Trabalho:
Seu humor e intuição lhe permitem exercer suas actividades muito bem, e será uma peça humana de fundamental importância na sua equipe de trabalho.
Sou uma Serpente (Quetzalcoaltl)
Na mitologia Asteca, a Serpente é um dos signos mais venerados por todos, porque constitui o equilíbrio entre o feminino e masculino. Símbolo da fertilidade, indica riqueza mediante esforço. O nativo de serpente é intrépido e combativo. Líder nato, adora vencer obstáculos. Poderá desenvolver sua vontade de compreender o ser humano em profissões como médico, psicólogo, ou na área esotérica. Muito apegado a seu círculo mais próximo de amigos, necessita de admiração e interesse. Quando está à vontade, é muito sedutor. Sua sexualidade ardente lhe faz vacilar entre o desejo de um amor duradouro e outro impetuoso e fugaz. Águia, Serpente e Jaguar saberão entender seus caprichos. Optimista se as coisas andam bem, faz drama quando a vida fica difícil, e pode ficar impaciente e autoritário. Aproveitaria mais a vida se desenvolvesse o senso de humor.
Amor:
A paixão transbordante é o que lhe move, mas cuide para que o erótico não se transforme em histérico e agressivo.
Saúde:
Cuide dos sentidos, porque tem a capacidade para desenvolver um deles em especial. Observa a vida mais que o resto dos mortais.
Trabalho:
Seu humor e intuição lhe permitem exercer suas actividades muito bem, e será uma peça humana de fundamental importância na sua equipe de trabalho.
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