O centro da cidade esvazia-se cada vez mais!
Toda a gente sabe que o centro do Porto fica mais deserto à medida que o tempo passa, que as pessoas envelhecem, que os novos deixam o ninho paterno e procuram casa nova nos aforas da cidade. Á medida que os imóveis se degradam e é mais fácil, mais barato e mais rápido, comprar casa nova, mesmo usada, numa zona periférica, do que tentar recuperar um edifício, quase invariavelmente sem garagem, em lote estreito e rua escura, com as demoras dos processos camarários, com o deslizar de prazos e custos de empreitadas, com as burocracias de uma licença de habitabilidade ou de um empréstimo bancário sobre um projecto.
A diminuição de caixas Multibanco no centro da cidade espelha a desertificação, o esvaziar de vida. Menos pessoas, menos comércio, menos dinheiro a circular, menos agências bancárias, menos necessidade de caixas ATM, é uma relação directa de causa e efeito.
Hoje senti assim a mudança no centro da cidade, nas mesmas ruas que outrora percorria diariamente, cheias de gente, de ruído, cheias de vida. Nessas mesmas ruas hoje cheias de uma neblina pálida tão típica do Porto.
As pessoas abandonam o centro na cidade! Não o fiz também eu?
Tento voltar, periodicamente. Ainda existe para mim muito encanto nas ruas estreitas, de granito escuro, traçado irregular. Ainda existem muitas boas recordações pousadas em bancos de jardins, em praças, em esquinas de ruas palco de despedidas diárias de outrora.
Não nasci no Porto, mas sinto o Porto com muita força.
Metade da minha vida já tem esta cidade por cenário.
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