O Farol das Artes fez um ciclo sobre a cidade.
Ao ler um dos post sobre o livro de Ítalo Calvino, recordei-me de algo que eu tinha escrito. Deixo aqui o texto e não deixem de ir ao Farol.
“As Cidades Invisíveis”
Um título, o que nos sugere?
Sempre algo ainda que distante do que efectivamente é o livro.
Cidades invisíveis… pensei em descrições de ambiências humanas, em relações, em gentes… Pensei nas coisas que não sendo palpáveis, não sendo visíveis, tornam uma cidade no que ela é.
Pensei ainda nos cheiros, nas cambiantes de temperatura e humidade… pensei em como poderia descrever o Porto, sem descrever o visível… sem descrever a imagem física.
O cheiro a maresia na zona ocidental, ainda que longe do mar, trazida pela atmosfera pesada do nevoeiro. A humidade que se cola à pele ao amanhecer. O canto dos pássaros competindo com o ruído dos trânsito. O calor reflectido nas casas, ao entardecer, no verão. O cheiro bafiento e húmido que sai de algumas casas, quando passamos nas zonas mais antigas.
São sensações invisíveis mas nem por isso caracterizam menos o Porto.
Cidades invisíveis… vamos a ver o que é que o autor entendia por isso.
22/07/2002
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