quinta-feira, novembro 19, 2009

Ínsulas - Exposição de João Margalha (Vencedor do Prémio FAUP de Fotografia de Arquitectura)

Ínsulas – Exposição de João Margalha, Vencedor do Prémio FAUP de Fotografia de Arquitectura

 

A Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e a Direcção-Geral de Arquivos / Centro Português de Fotografia têm o prazer de convidar V. Exª para a inauguração da exposição Ínsulas, fotografias de João Margalha – Vencedor do Prémio FAUP de Fotografia de Arquitectura, que terá lugar no edifício da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, no próximo dia 28 de Novembro, sábado, pelas 16h00.

 

 

ÍNSULAS - fotografias de João Margalha

 

João Margalha, que recentemente venceu o concurso de fotografia lançado pela FAUP com uma pequena e requintada série de “objectos arquitectónicos” depurados, aborda agora o tema da relação do homem com a paisagem natural.

 

O homem urbano procura, de facto, trazer a natureza para junto de si: neste círculo eterno de a destruir para lhe dar um pequeno lugar.

 

João Margalha consegue mostrar-nos como estes jardins inventados e reduzidos representam boas intenções mas acabam sempre por nos transmitir uma pesada imagem de desolação e inutilidade.

 

Excluindo as representativas imagens da solicitação turística dos Açores, onde de facto há uma sobreposição de relvados artificiais sobre a natureza dura, ou o verdadeiro museu botânico que é o parque natural Terranostra, a imagem verde deste mundo é quase uma alucinação de perda: mesmo as plantas tropicais esgotaram com a água (e provavelmente a poeira) a vida que nos permite usar esse termo, que é tão barroco, de luxuriante. Nem o verde se mantém. E é por isso mesmo que é difícil reencontrar um modelo, que provavelmente é ideal e vário, de jardim como reserva do natural.

 

É evidente que há uma certa beleza nestas imagens que nos fazem pensar como a condição do homem arrasta consigo a transfiguração das outras espécies. É quase uma viagem à Lua ao contrário. E essa ânsia de transfiguração, João Margalha consegue, pungentemente, dá-la.

 

Não há dúvida que o geometrismo faz parte dos olhos do homem e das suas produções, mas na natureza esconde-se como objecto parcial. Não posso deixar de sentir a agonia deste tão velho ideal ao observar aquele canteiro arborizado, completamente cercado pelo cimento, e mostrando que a natureza é, antes de tudo, respiração.

 

Tereza Siza,

Novembro de 2009

 

 

Nota biográfica

João Margalha nasceu em 1966 no Barreiro. Vive e trabalha em Aveiro. Tem licenciatura em Planeamento Regional e Urbano e mestrado em Planeamento do Ambiente Urbano. Frequenta o mestrado em Criação Artística Contemporânea. Expõe desde 2005 e tem trabalhos em diversas colecções. www.joaomargalha.com